Banca de DEFESA: MARALINE APARECIDA SOARES

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : MARALINE APARECIDA SOARES
DATA : 03/07/2024
HORA: 13:30
LOCAL: sala remota - videoconferência
TÍTULO:

Efeito sinonímico entre fake news, desinformação e liberdade de expressão: uma análise materialista de discurso


PALAVRAS-CHAVES:

Discurso; Sinonímia; Fake news; Desinformação; Liberdade de expressão.


PÁGINAS: 125
RESUMO:

Este trabalho, inscrito na linha de pesquisa Estudo de Processos Discursivos, do Programa de Pós-graduação em Linguística da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), filia- se ao campo de conhecimentos da Análise materialista do Discurso para compreender o funcionamento discursivo das fake news no século XXI. No processo de seleção dos materiais para a constituição do corpus de análise da pesquisa defrontamo-nos com duas regularidades: a primeira foi a recorrência de fake news relacionadas à processos eleitorais, envolvendo candidatos e partidos em assuntos considerados polêmicos, sendo, portanto, classificadas em nosso gesto analítico como fake news políticas. A segunda diz respeito ao “discurso sobre” as fake news associando-as ao discurso da desinformação e liberdade de expressão. A partir dessas constatações buscamos compreender a relação do “discurso sobre” com o “discurso de” e problematizamos: Como se constitui, se formula e circula o imaginário de sinonímia que afeta o funcionamento do tripé fake news, desinformação e liberdade de expressão? Ao trabalharmos com a concepção de língua tal como proposta por Pêcheux (2014, 2015), concebendo-a não apenas como forma, estrutura, mas como um sistema capaz de falha e equívoco, inscrita na história e relacionada ao sujeito, tomamos o corpus de análise como formas materiais em que a exterioridade é constitutiva de todo processo de significação para e por sujeitos. Desse modo, para compreendermos os efeitos desse “fora dentro” (Orlandi, 2017, p.74), analisamos a conjuntura que está na base da produção tanto do “discurso sobre” quanto do “discurso de”, destacando o discurso da mundialização, a ascensão da direita no Brasil e no mundo e os efeitos do discurso digital nestes processos. Nesta direção, também buscamos a historicidade das fake news, enquanto prática, e localizamos registros de uma memória discursiva que as considera desde as fofocas orais, ainda no processo de evolução do homem como um ser social. Além disso, através dos estudos de Mendes Júnior (2020), verificamos também que o surgimento dessa prática remonta o início do século XVI, através da própria história da imprensa e que inicialmente dizia-se false news. Destacamos, nesta discussão, os efeitos do digital no jornalismo, instaurando uma disputa pelo sentido, abalando suas bases de detentora da verdade, autorizada a interpretar, que frente a este cenário cria as agências de checagens para tentar manter sua posição de autoridade categorizando o discurso das fake news na dicotomia entre verdade ou mentira. Nossas análises não incidem em descobrir se elas são verdadeiras ou falsas, mas em “trabalhar com a opacidade da linguagem e a espessura do discurso para alcançar o funcionamento do político que nelas se materializa” (Indursky, 2020, p.23). Sendo assim, compreendemos que a efervescência das fake news no século XXI convocou os discursos da desinformação e da liberdade de expressão que até então não estavam em forte circulação nas redes sociais, e que o “discurso sobre” em uma leitura conteudista e logicista, diante da incompletude da linguagem, sugere a palavra desinformação em substituição da expressão fake news, apagando a história e reduzindo os sentidos de ambas as palavras. E o modo como trabalha a relação das fake news com a liberdade de expressão, preocupados apenas com os banimentos de postagens, silenciam a memória da ditatura, significando liberdade apenas como da ordem do direito capitalista. Assim, propomos que o “discurso sobre” está para a estabilização, enquanto o “discurso de” é marcado pelo equívoco, pois como vimos, o discurso das fake news é heterogêneo, se mostrando em nosso material de análise como “estratégias argumentativas negativas” (Orlandi, 2023), usadas para fins específicos, em uma guerra de sentidos na disputa pelo poder simbólico, rompendo com o efeito de sinonímia entre fake news, desinformação e liberdade de expressão. 


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 131921001 - SILVIA REGINA NUNES
Interna - 722.675.428-20 - ENI DE LOURDES PUCCINELLI ORLANDI - UNEMAT
Interna - 55846009 - JOELMA APARECIDA BRESSANIN
Externa à Instituição - CRISTIANE PEREIRA COSTA DIAS - UNICAMP
Externa à Instituição - SILMARA CRISTINA DELA DA SILVA - UFF
Notícia cadastrada em: 28/05/2024 15:11
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