AS PERCEPÇÕES SOCIOLIGUÍSTICAS E AS ATITUDES DE PROFESSORES DO NORTE DE MATO GROSSO SOBRE O PROCESSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA: COM ÊNFASE NA ESCOLA DO CAMPO
Sociolinguística Educacional. Percepções. Atitudes Sociolinguísticas. Formação Continuada. Escolas do Campo.
A formação continuada desempenha um papel essencial na trajetória profissional dos docentes, especialmente diante das constantes transformações sociais, culturais e educacionais que impactam o cotidiano escolar. Mais do que uma exigência institucional, configura-se como um direito e uma necessidade, permitindo aos professores refletirem criticamente sobre sua prática, atualizarem seus saberes e responderem com sensibilidade e competência às demandas dos diversos contextos em que atuam. Nas escolas do campo, em particular, onde as realidades são marcadas por desafios específicos e por grande diversidade linguística e cultural, a formação continuada torna-se uma ferramenta indispensável para a construção de práticas pedagógicas mais inclusivas, contextualizadas e comprometidas com a valorização dos saberes locais. Esta dissertação analisa as percepções e atitudes sociolinguísticas de 12 professores (04 de cada unidade escolar) que atuam em três escolas do campo situadas no Norte do estado de Mato Grosso. Com foco no processo de formação continuada promovido pela Diretoria Regional de Educação, polo de Matupá, o estudo, que se fundamenta nos pressupostos da Sociolinguística Educacional, foi desenvolvido com docentes das escolas estaduais Leonisio Lemos Melo, Senador Jonas Pinheiro e Irany Jaime Farina. A partir de uma abordagem qualitativa de cunho interpretativista, buscou-se compreender como os professores(as) interpretam e incorporam os conhecimentos adquiridos em ações formativas, especialmente no que se refere à diversidade linguística. Os resultados revelam avanços na valorização da formação continuada como instrumento de fortalecimento profissional, mas também apontam limitações importantes, como a ausência de discussões sobre a variação linguística, a permanência de concepções normativas e a precarização do trabalho docente. Nesse sentido, destaca-se a importância de compreender a formação continuada não apenas como um momento pontual de capacitação, mas como um processo permanente, capaz de sustentar o desenvolvimento da identidade profissional docente. As análises evidenciam a necessidade de políticas públicas que promovam uma formação contextualizada, crítica e comprometida com a realidade sociocultural e linguística dos territórios rurais.