IMPACTOS DO FOGO NA VEGETAÇÃO E NO SOLO EM FLORESTAS ESTACIONAL DO SUL DA AMAZÔNIA
Homogeneização biótica. Diversidade. Reservas de carbono. Degradação. Ponto de inflexão. Incêndios florestais
O fogo é um dos principais agentes causadores da degradação florestal e da perda de biodiversidade na Amazônia. Embora diversos estudos tenham avaliado os impactos do fogo sobre a estrutura e a diversidade das florestas, ainda persistem incertezas especialmente quanto aos efeitos do aumento da frequência de queimadas sobre a composição de espécies e a dinâmica do carbono em florestas sazonais do sul da Amazônia. Neste estudo, testamos duas hipóteses: (i) o aumento da frequência de queimadas altera a composição florística e reduz a diversidade alfa, o número de espécies arbóreas, a densidade de fustes e os estoques de carbono; e (ii) após o fogo, ocorre um declínio nas espécies arbóreas típicas de habitats florestais, enquanto espécies do cerrado e generalistas tornam-se mais abundantes. Realizamos o levantamento de todas as árvores com diâmetro à altura do peito (DAP) superior a 15 cm em 14 parcelas (10 × 100 m) distribuídas em florestas primárias com histórico de queimadas simples, múltiplas e sem queimadas. Nossos resultados indicaram mudanças significativas na composição de espécies, bem como reduções nos estoques de carbono acima do solo e na densidade de fustes após os incêndios, evidenciando a sensibilidade dessas florestas a eventos de fogo. Em contraste, a ausência de variação significativa no número de espécies arbóreas e na diversidade alfa entre as diferentes classes florestais sugere que esses parâmetros não são bons preditores dos efeitos do fogo. O aumento da frequência de incêndios resultou no declínio de espécies típicas de florestas, enquanto o número de espécies do cerrado e generalistas permaneceu estável. Nossos achados indicam que incêndios recorrentes estão remodelando a estrutura florestal e promovendo a homogeneização da composição de espécies, com a redução de espécies florestais típicas e o favorecimento de espécies de áreas abertas e generalistas em florestas queimadas. Esses resultados fornecem evidências de um potencial adaptação na composição florística, sugerindo um processo de homogeneização biótica impulsionado pela degradação florestal decorrente de queimadas únicas ou repetidas.