Fontes de mercúrio no Pantanal Norte
ecotoxicologia; área inundada; metal pesado
O mercúrio (Hg) é uma preocupação global devido aos seus efeitos adversos na saúde humana, na segurança alimentar e no meio ambiente. É um dos poluentes ambientais mais graves e os compostos tóxicos relacionados podem ser facilmente transferidos para a água, solo e sedimentos. O acúmulo ao longo do tempo de grandes entradas de Hg no meio ambiente resulta na ocorrência generalizada de Hg em toda a cadeia alimentar, exigindo ações para identificar as principais fontes locais de Hg. O Pantanal brasileiro é uma planície de inundação que cobre uma área de quase 140.000 km 2 e está sujeito a inundações sazonais e monomodais, principalmente uma vez por ano. Por ser o receptor final de poluentes, derivados de pressões antropogênicas, é uma região vulnerável ameaçada pelas tendências recentes de desenvolvimento econômico, principalmente por queimadas persistentes e letais ocorridas sobretudos nos anos de 2018 a 2020. Traços de mercúrio já foram encontrados em algas, peixes e répteis no Pantanal Norte; o que traz preocupação para o frágil equilíbrio desse ecossistema bem como para a saúde animal e da população ribeirinha. Neste sentido, o objetivo desta pesquisa foi avaliar a origem do mercúrio no Ecossistema Pantanal Norte. Com uma metodologia exploratória, as coletas ocorreram nas nascentes, percurso e fozes dos rios Jauru, Cabaçal, Sepotuba e Paraguai, cujas águas formam a montante das bordas do Pantanal. Foram considerados 48 pontos, sendo coletados amostras de folhas, solo, sedimento, zooplâncton e material particulado em água. Para determinação do THg foi utilizado um analisador direto (DMA 80), seguindo então para análises estatísticas. Houve relações significativas dos quatro rios e áreas estudadas para solo (p<0,05). E entre as áreas de nascente, percurso e foz, houve relações significativas para sedimentos (p<0,05). No conjunto dos rios estudados, o rio Cabaçal apresentou a maior concentração de THg para zooplanctons, (11,01 ± 5.34 ug/kg), solo (15,58 ± 16.77 ug/kg) e folhas (21,81 ± 10,18 ug/kg), enquanto o rio Jauru apresentou para sedimentos (3,67 ± 21,47 ug/kg). O rio Cabaçal foi associado a intensa sedimentação da litologia da bacia e a ocorrência de Latossolos, associado ao uso da terra, além da própria dinâmica fluvial. O rio Jauru associado a PCHs estabelecidas na região desde 1990. As concentrações encontradas mesmo abaixo dos limites estabelecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) exigem ações governamentais no sentido de prevenir a contaminação ambiental, orientando e conscientizado sobre os riscos a qual a população pode estar exposta, bem como a preservação deste frágil ecossistema. O monitoramento contínuo deve ocorrer principalmente por conta de o número de focos de queimadas terem aumentado nos últimos dois anos (2020-2021) no Bioma Pantanal.