O MOVIMENTO MIGRATÓRIO DE ESTUDANTES INDÍGENAS PARA A ESCOLA ESTADUAL IRMÃ DIVA PIMENTEL, NO MUNICÍPIO DE BARRA DO GARÇAS - MT: EXPECTATIVAS, ENCONTROS E DESENCONTROS ENTRE CULTURAS.
Educação Escolar Indígena. Migração Xavante. Interculturalidade. Decolonialidade.
A presente dissertação analisa o movimento migratório de estudantes indígenas Xavante (A’uwẽ Uptabi) para a Escola Estadual Irmã Diva Pimentel, no município de Barra do Garças–MT, no período de 2007 a 2025, investigando as motivações que impulsionam esse deslocamento, bem como os efeitos produzidos em suas trajetórias escolares e de vida. Trata-se de um estudo qualitativo, de caráter etnográfico e fenomenológico, que incorpora também a perspectiva decolonial como horizonte epistemológico. A investigação fundamenta-se na escuta sensível dos sujeitos, por meio de observação participante, análise documental de registros escolares e entrevistas abertas com estudantes e seus familiares, além da sistematização de séries históricas de matrículas, aprovações, evasões e reprovações. Os resultados apontam que a migração para a escola urbana é marcada por tensões linguísticas, culturais e afetivas, que muitas vezes dificultam a integração dos estudantes indígenas, produzindo sentimentos de estranhamento e deslocamento. Entretanto, também foram identificados espaços de reconhecimento e valorização, sobretudo nas práticas esportivas e nas interações que favorecem vínculos de amizade com colegas não indígenas. Os relatos coletados revelam que as motivações para o deslocamento vão desde a busca por melhores oportunidades educacionais e de vida até a expectativa de ampliar horizontes fora da aldeia, sem perder o vínculo identitário com a cultura de origem. Conclui-se que a escola urbana se configura como um território de fronteira, no qual se entrecruzam encontros, tensões e resistências, exigindo da instituição escolar a adoção de práticas pedagógicas e políticas de acolhimento que garantam a inclusão, a permanência e o respeito à diversidade cultural. O estudo evidencia, portanto, a urgência de se pensar a escola como espaço intercultural, democrático e de reconhecimento dos saberes indígenas.