A FORMAÇÃO DO ASSENTAMENTO SANTO ANTÔNIO DO BELEZA: TERRITORIALIDADES FEMININAS NO ARAGUAIA NO CONTEXTO DO PATRIARCADO
Palavras-chave: Lutas sociais. Movimento camponês. Gênero e Geografia. Patriarcado. Território do Araguaia.
O objetivo desta pesquisa é descrever a formação histórico-geográfica do assentamento Santo Antônio do Beleza, no município de Vila Rica-MT, abrindo espaço à voz feminina na constituição e presença na configuração do território camponês. O estudo se justifica por dar continuidade a uma pesquisa desenvolvida na graduação em Filosofia, que abordou o contexto do patriarcado no campo, com o tema “A condição feminina no campo: a luta da mulher para o acesso à educação, escolarização, conhecimento e reconhecimento”. A pesquisa foi realizada em duas etapas: a primeira, de cunho teórico-metodológico, envolveu a consulta a autores que discutem a temática com o objetivo de fundamentar o estudo. A segunda etapa constituiu-se da parte empírica. A perspectiva da pesquisa é qualitativa, com base nos subsídios do materialismo dialético e estudos do feminismo, especialmente no que se refere à luta do campesinato por acesso à terra e à análise da cultura capitalista, colonial e patriarcal. Metodologicamente, a pesquisa se orienta nos seguintes procedimentos: levantamento documental e pesquisa de campo, composta de observação participante (com registro fotográfico e caderno de campo), além de entrevistas semiestruturadas (gravadas em áudio). As entrevistas foram guiadas por um roteiro com base nas leituras e nas observações do campo. Posteriormente, foi realizada a análise dos materiais empíricos à luz do referencial teórico-metodológico, culminando nas considerações. Vários questionamentos guiaram o desenvolvimento deste estudo: como o assentamento se originou? Como as mulheres vivenciaram o período anterior e o início do assentamento? Quais foram as dificuldades enfrentadas? Quais políticas públicas as apoiaram? De que maneira os órgãos públicos e os sindicatos de trabalhadores rurais ofereceram suporte? Como garantiram o sustento alimentar? Em relação aos cônjuges, como era feito o processo de trabalho de homens e mulheres para o sustento dos filhos? Como foi oferecida a educação escolar? Quais foram os momentos decisivos nos movimentos de luta? Como se davam os deslocamentos dentro do assentamento? De que maneira a organização patriarcal permeou a constituição e funcionamento do assentamento? Como se manifestaram as territorialidades femininas de superação ou subjugação? A partir do contexto atual do assentamento, foi possível revisitar as experiências das mulheres assentadas e compreender as lutas, temores, dificuldades e conquistas como camponesas, desde o período anterior à criação do assentamento. O estudo evidencia que a resistência e a luta do campesinato, sobretudo das mulheres, são essenciais para a conquista de justiça social e igualdade no acesso à terra. A persistência desses grupos em busca de direitos reflete sua força e organização coletiva como instrumentos fundamentais para alcançar seus objetivos.