A PRODUÇÃO DESIGUAL DO ESPAÇO URBANO: UMA ANÁLISE DA SEGREGAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL NA CIDADE DE SORRISO (MT)
espaço urbano; segregação sócio-espacial; geotecnologia; cidades do agronegócio.
A cidade é empreendimento oriundo das relações humanas, que, a partir da sociedade de classes, no sistema capitalista, a produz como condição e resultado da estrutura de classes. Tal movimento é resultado da ação dos agentes produtores do espaço urbano que visam fazer da terra uma mercadoria, substituindo o valor de uso pelo valor de troca. A apropriação passa a ser definido pelo poder de compra, emergindo a contradição que dá a tônica da pesquisa, a segregação sócio-espacial. Partindo dessa premissa, foi pretendido a partir desse estudo analisar os processos de segregação sócio-espacial na cidade de Sorriso (MT), por meio da pesquisa empírica no bairro União e nos condomínios Costa Brava e Cidade Jardim, indo em busca da compreensão das ações dos agentes no processo de produção da cidade e de suas desigualdades dentro do processo histórico do município, se ancorando na análise do espaço urbano e das características socioeconômicas dos moradores do bairro União. O método de pesquisa adotado foi o materialismo histórico e dialético, compreendendo a importância dos processos históricos de produção do espaço geográfico. Os procedimentos metodológicos adotados foram: pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e a aplicação de formulários. Os dados coletados por meio dos formulários foram sintetizados em gráficos e tabelas e a confecção dos mapas foi feita a partir do software Arcgis Pro versão trial, que por sua vez se alimentou de dados do Earth Explorer, do catálogo de imagens do INPE e do IBGE, além das ortoimagens adquiridas por meio do imageamento de ARP (Aeronave Remotamente Pilotada) para analisar as características das áreas de estudo com maior nível de detalhamento. A análise dos dados e a discussão dos resultados à luz do materialismo histórico e dialético, resultou na constatação de que os processos de segregação são recorrentes nas chamadas “cidades do agronegócio”, sendo em Sorriso, integrante desse complexo produtivo, está inerente na (re)produção de seu espaço as contradições próprias do sistema capitalista, tendo como principal destaque a intensa produção diferencial do espaço em seu sentido negativo. Contatou-se que a segregação não se restringe apenas a relação Leste-Oeste apontada anteriormente por Faria (2022), mas reside na expansão urbana, que ao ofertar novas áreas para a ocupação, busca agregar valor à terra no mercado imobiliário, agravando a segregação, com formas dessa materialização percebidas nos muros, portarias, câmeras de segurança, vigias, dentre outros aspectos. No que se refere a relação centro-periferia, ressalta-se que ela não ocorre nos moldes clássicos, mas sim, em novas centralidades, na “aproximação” espacial das classes e no distanciamento social, agora marcado por estruturas, e não somente pela distância. Todo esse contingente se manifesta no espaço urbano, moldado historicamente, fato verificado por meio das imagens Raster e das ortoimagens, que evidenciam as diferenças entre os condomínios e o bairro, constatando que o Bairro União se encontra, desde sua formação em períodos anteriores a 1993, em um processo de segregação sócio-espacial que adquire novas roupagens a partir dos novos paradigmas de (re)produção do espaço urbano sorrisense.