Banca de QUALIFICAÇÃO: NEURES BATISTA DE PAULA SOARES

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : NEURES BATISTA DE PAULA SOARES
DATA : 29/06/2022
HORA: 08:00
LOCAL: Qualificação remota - via web conferência
TÍTULO:

PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO: a relação do índio brasileiro com a forma-sujeito histórico capitalista a partir do documentário “Índio cidadão?”.


PALAVRAS-CHAVES:

cinema; povos indígenas; forma-sujeito; Análise de Discurso.


PÁGINAS: 97
RESUMO:

 

Este trabalho inscrito na linha de pesquisa “Estudo de Processos Discursivos” do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Linguística, da Universidade do Estado de Mato Grosso - PPGL/UNEMAT, filia-se à teoria da Análise de Discurso materialista que, segundo Orlandi (2012, p. 55), “trabalha sobre as relações de poder simbolizadas em uma sociedade dividida”. Assim, nossa proposta incide em questionar pela materialidade discursiva, passível de leitura no material de linguagem, um documentário fílmico: a) como se constitui o sujeito índio brasileiro enquanto forma-sujeito histórico? b) como se deu o processo de inscrição do sujeito índio no sistema jurídico brasileiro enquanto sujeito de direito? c) considerando os processos de subjetivação do sujeito índio brasileiro na relação com a forma-sujeito histórico capitalista, perguntamos: há, na sociedade ocidental, um lugar para o índio, fora do capitalismo? Nosso corpus de pesquisa, o documentário Índio cidadão?, é um longa-metragem que dá a ler três importantes mobilizações nacionais indígenas em que é possível observar o índio dizendo de si e sendo dito pelo não-índio. No discurso dos personagens o que fica latente é o desejo dos povos indígenas de serem reconhecidos como sujeito de direito: à terra, à cidadania e à vida. Concomitante com o material audiovisual, tomamos ainda: Anais da Assembleia Constituinte de 1823; as Constituições brasileira de 1822 à 1988; o decreto 8.072/1910 – SPI, e a Lei 6001/1973 – Estatuto do Índio para compreender como se deu o processo de “incorporação do índio à comunhão nacional”. Frente à opacidade do texto fílmico, o gesto de interpretar empreendido, teoricamente, pelo pesquisador produziu deslocamentos capazes de desnudar, esgarçar seu tecido e saber, como tem dito Orlandi, que os sentidos podem ser outros. O cinema é um lugar do jogo em que a memória se atualiza e o fato próprio da montagem produz, citando Pêcheux (2015), um acontecimento. As condições históricas de constituição do sujeito indígena e do sujeito não-indígena, O modo como, historicamente, cada um se constitui em sujeito de direito, cidadão, no conjunto com as análises realizadas, nos autorizam a dizer que não se trata da mesma forma-sujeito histórico, mas de formas-sujeito distintas que se inter-relacionam, desde o contato inicial, por uma luta de classes com todas as suas consequências em termos filosóficos, políticos, sociais e econômicos. Nessa luta está em jogo, de um lado, a noção de progresso e civilização, de outro, cultura e tradição. Discursivamente, há uma cisão que opera entre o indígena e o não-indígena, uma impossibilidade de estar do mesmo lado, na escrita da lei, na prática social e na história, e isso não é uma decisão, é um efeito, pois como afirma Pêchuex (2014), o sujeito não é livre, ele é determinado, assujeitado à língua e à ideologia. E, porque há resistência, é novamente em Pêcheux (2014a, p. 7), que nos ancoramos concordando que “o próprio da luta ideológica de classes é se desenvolver num mundo que, de fato, não termina nunca de se dividir em dois”.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 83109001 - ANA LUIZA ARTIAGA RODRIGUES DA MOTTA
Interno - 260.313.106-00 - OLIMPIA MALUF SOUZA - UNEMAT
Interno - 83247001 - WELLINGTON PEDROSA QUINTINO
Externo à Instituição - MARIA CLECI VENTURINI -
Externo à Instituição - TANIA CONCEIÇÃO CLEMENTE DE SOUZA - UFRJ
Notícia cadastrada em: 14/06/2022 10:37
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