Banca de DEFESA: FERNANDA SURUBI FERNANDES

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : FERNANDA SURUBI FERNANDES
DATA : 24/04/2020
HORA: 09:00
LOCAL: Sala de defesas do PPG em Linguística (UNEMAT - Cidade Universitária)
TÍTULO:

MULHER, CORPO E ESTUPRO EM DIFERENTES MATERIALIDADES SIGNIFICANTES


PALAVRAS-CHAVES:

Análise de Discurso; violência; verbetes, séries.


PÁGINAS: 99
RESUMO:

Este estudo, vinculado à área Estudos de processos linguísticos e à linha de pesquisa Estudos de processos discursivos, pretendeu compreender como a violência contra a mulher é ressignificada pela linguagem a partir de diferentes materialidades significantes. Para isso, analisamos o estupro em diferentes materiais e materialidades, questionando como a mulher e o corpo são constituídos na/pela violência. Nesse sentido, este estudo se se constitui a partir da teoria da Análise de Discurso, teoria que tem como precursores de Michel Pêcheux e Eni P. Orlandi Esta teria permite compreender como o sentido faz sentido. Como a linguagem produz efeitos a partir da relação memória, história e ideologia. Desse modo, selecionamos para este estudo discursividades que materializam sentidos de estupro em diferentes materiais e materialidades. O primeiro recorte se dá nos verbetes e definições de estupro nos dicionários de língua portuguesa. Apresentando o deslocamento das definições de Silva (1789) e Pinto (1832) e de Aurélio (2010) e Houaiss (2009) entre cópula com virgem e crime contra pessoa. Sentidos que atravessam os outros materiais analisados, cada um em sua especificidade significante. Assim, analisamos os contos “Sol, Lua e Tália” e “A língua do p”, que apresentam a noção de corpo feminino como objeto de prazer de outrem, ao mesmo tempo negando o prazer feminino, como também apresenta modos de dizer o estupro diferentes das acepções do dicionário, mas se constituem em uma memória discursiva sentidos de violência contra a mulher. No filme Cidade de Deus selecionamos uma cena de estupro, na qual a personagem, sem nome, é estuprada, seu corpo usado como dominação do outro, no caso o personagem masculino, silenciando a violência contra a mulher, pois desta resta apenas uma sombra, constituindo assim uma rede de significações materializadas na noção de estupro na história como dano à propriedade, em que a mulher é vista como propriedade do marido. Esses sentidos reverberam nos materiais analisados, mostrando que há deslocamentos de sentidos, mas partir de um já dado, constituído que mesmo silenciado, continua a produzir efeitos. Nessa direção, para finalizar a análise, apresentamos três recortes de cenas da série Handmaid’s tale (2017), em que o estupro constitui a mulher como um corpo-útero, mero objeto de reprodução, e que o estupro é ressignificado através do ritual que busca apagar a violência, apagando a própria identidade da mulher. A partir de um olhar sobre esse material heterogêneo, compreendemos como a violência contra a mulher, no caso, o estupro, é silenciado, mas nessa perspectiva, produz efeitos sobre a opressão que a mulher sofreu/sofre, fazendo-nos refletir os modos como o estupro ainda se constitui de práticas históricas, sociais e ideológicas, que são ressignificadas de outro modo, mas ainda dizem da violência contra a mulher, mostrando os deslocamentos como o processo de criminalização, que ainda precisa ser ressignificado nas práticas sociais do cotidiano.


MEMBROS DA BANCA:
Interno - 55846009 - JOELMA APARECIDA BRESSANIN
Externo à Instituição - MARCOS AURELIO BARBAI - UNICAMP
Presidente - 260.313.106-00 - OLÍMPIA MALUF SOUZA - UNEMAT
Interno - 131921001 - SILVIA REGINA NUNES
Externo à Instituição - SUZY MARIA LAGAZZI - UNICAMP
Notícia cadastrada em: 12/03/2020 15:39
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