INTERAÇÕES PEDAGÓGICAS ENTRE O ENSINAR E O FAZER DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL POR MORADORES DO ASSENTAMENTO ROSELI NUNES
Educação Ambiental. Assentamentos. Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Escola do Campo, Pedagogia Ambiental.
O presente trabalho pressupõe que a Educação Ambiental deve ser entendida como um processo de construção de valores, conhecimentos e competências para a conservação do meio ambiente a ser estudada e praticada em todos os espaços e tempos como parte integrante dos saberes humanos. Deste modo a proposta deste estudo foi a de olhar para este processo em assentamentos, observando os conceitos e ações dos sujeitos, neste caso professores e assentados, que vivem no assentamento Roseli Nunes, situado no Município de Mirassol do Oeste-MT. A pesquisa teve como objetivo, analisar como os conteúdos abordados em sala de aula refletem nas práticas e atitudes das pessoas que vivem neste assentamento. A metodologia adotada tem como orientação a pesquisa qualitativa pautada nos fundamentos teóricos que serviram de construção, análise e considerações, tais como: Gonçalves (1990), Guimarães (1995, 2012), Freire (1996), Caldart (1997, 2000, 2003, 2012), Gadotti (2000), Tardif (2002), Chizzotti (2003), Sato (2003), Lewgoy e Arruda (2004), Reigota (2004, 2009), Arroyo (2005, 2012), Loureiro (2006, 2011), Brandão e Borges (2007), Mattos e Castro (2011), Andrade (2014), Souza-Lima e Alencastro (2015), Brofman (2018) e Gallo (2019), entre outros. Com abordagem no materialismo histórico-dialético e nos procedimentos metodológicos da etnografia foram realizados contatos e posteriormente entrevistas semiestruturadas com um grupo representativo, tanto de professores da Escola Estadual Madre Cristina, quanto de assentados. Os resultados desta pesquisa, indicam que há uma conexão entre os conteúdos abordados em sala de aula e as atitudes e práticas dos assentados. Observamos nos documentos e nas falas dos professores que, a escola tem expresso em seu currículo, o trabalho com valores, atitudes, e habilidades que propiciam a reflexão sobre o olhar e as práticas no meio ambiente. Para isso, a mesma proporciona aos estudantes um maior reconhecimento da realidade camponesa, contribuindo para o sentimento de pertencimento e assim incentivando os educandos a valorizarem e a cuidarem da natureza, contribuindo para o fortalecimento das suas raízes e das suas culturas. Esta proposição defendida pelos professores é reforçada pelos assentados que destacam o papel relevante que a escola tem nas suas vidas e dos seus filhos. Neste sentido, pudemos concluir, a partir das narrativas dos sujeitos entrevistados, que a Escola Madre Cristina tem contribuído no fortalecimento das reflexões e práticas de cuidado com o ambiente. Isso denota a existência de uma interlocução dialética entre conhecimentos científicos da escola e os saberes populares dos assentados que podem ser notados tanto nos discursos quanto nas práticas de uma educação ambiental própria destes sujeitos. E que o estudo sobre como estes sujeitos, nos seus espaços e tempos, se apropriam da EA para ressignificar suas lutas e práticas, se apresenta como possibilidade de releitura sobre uma pedagogia de educação ambiental para viver na e com a terra.