O TEMPO DE FAZER E O FAZER DO TEMPO DO POVO KAMAYURA
Etnociência Kamayura; Cultura Kamayura; Educação Kamayura; Tempo Kamayura.
O povo Apyap Kamayura (Tronco linguístico Tupi Guarani) habita tradicionalmente a margem sul da lagoa Ypawu, na Terra Indígena do Xingu, numa região denominada Alto Xingu, Município de Gaúcha do Norte, MT. Os Apyap/Kamayura observam a natureza para saber em que época do ano está, pois, para eles, os sinais da natureza indicam o tempo. Desde a sua existência, esse povo utiliza as fases dos astros, o céu, o sol, a lua e as fases astronômicos como marcadores do tempo. O calendário tradicional, ou seja, os sinais da natureza do nosso povo é usado para marcar a fase da seca e da chuva, o tempo de plantação das roças, a época de começar e fazer as colheitas, a floração e frutificação das árvores, a realização das festas e rituais na aldeia, as pescarias coletivas do nosso povo, as queimadas das roças, a passagem de um ano para o outro, entre outras atividades. Dentre os marcadores do tempo, o mais importante é o uso das fases das estrelas. Todas as estrelas que marcam o tempo, as florações das plantas têm um nome na língua Kamayura. Quando uma estrela aparece no horizonte, a leste, o povo observa e sabe o sinal que determinará a realização das atividades da aldeia, ou seja, cada surgimento de sinal da natureza está relacionada a uma determinada época do ano e com as atividades realizadas na comunidade. O objetivo dessa pesquisa foi registrar as informações sobre o marcadores dos tempos Kamayura por meio do estudo. Especificamente pretendeu-se: (a) identificar o período de aparecimento de cada estrela; (b) registrar os nomes das principais os sinais da natureza que marcam o tempo; (c) identificar as atividades realizadas na comunidade de acordo com o aparecimento das estrelas indicadoras; (d) registrar o conhecimento dos anciãos para repassar para as futuras gerações. Esse trabalho faz parte da pesquisa do curso de mestrado. O trabalho é importante porque nunca foi estudado e registrado. Além disso, pretende-se com essa pesquisa fortalecer o uso do calendário tradicional e ainda divulgar a pesquisa para outras sociedades indígenas e não indígenas do Brasil.