GRITO POR JUSTIÇA, ESPERANÇA E PAZ NA POÉTICA DA RESISTÊNCIA DE CASALDÁLIGA
Casaldáliga; Poesia; Resistência; Espiritualidade.
Nota-se na obra Versos adversos: antologia (2006), de Dom Pedro Casaldáliga, aspectos estéticos e imagéticos de uma poesia que delineia um cenário de injustiças sociais em uma vertente de profunda espiritualidade, aproximando o poeta ao religioso, em uma verdadeira comunhão epifânica. Partindo disso, a presente dissertação analisa alguns de seus poemas com enfoque na compreensão dos recursos linguísticos e literários utilizados na construção de imagens poéticas que evocam perspectivas de esperança, resistência e espiritualidade que potenciam a poesia social do autor. A pesquisa é qualitativa e se fundamenta em revisão bibliográfica, em uma abordagem interdisciplinar, com contribuições da teoria e crítica literária, da filosofia e da teologia para embasar a construção analítica dos poemas na obra. Dentre os críticos literários foram selecionados Alfredo Bosi (1977, 1992a, 2002), Antonio Candido (1996, 2004, 2006), Octavio Paz (1982, 1984), Marinete Souza e Célia Reis (2014), Edson Flávio Santos (2018) e Priscila Darolt (2021); as discussões de vertente filosófica partiram das contribuições fenomenológicas de Georg Hegel (1996); e as considerações teológicas foram embasadas nos apontamentos de José Regidor (1996) e Leonardo Boff (1998), entre outros. Ficou evidente que a linguagem metafórica, ampliada pelo sentido crítico e irônico adotado ao longo dos textos, potencializa uma voz literária que se torna a voz dos oprimidos entre as décadas de 1960 e 1980 no município de São Félix do Araguaia, em Mato Grosso. Os versos traduzem uma literatura profética, intensificada por questões históricas e sociais capazes de transformar o texto literário em um manifesto poético, que reivindica justiça e esperança aos povos marginalizados da região.