MACABÉA: FLOR DE MULUNGU: LIRISMO, ANCESTRALIDADE E RESISTÊNCIA DA MULHER NEGRA NA LITERATURA AFRO-BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA
Literatura afro-brasileira; Ancestralidade; Feminismo negro
Editora Oficina Raquel para que escritores dialogassem com a obra de Clarice Lispector. Ao revisitar a personagem Macabéa, Evaristo a reinscreveu sob a ótica da literatura afro-brasileira contemporânea, articulou lirismo, ancestralidade e resistência. Nesse gesto, transformou a figura da invisibilidade em símbolo de memória, saberes coletivos e brasilidade plural, reafirmou a mulher negra como sujeito histórico e político diante do apagamento e do epistemicídio (Carneiro, 2005). Este estudo teve como objetivo analisar as representações da mulher negra no conto, observou como a escrita de Evaristo subverte discursos hegemônicos e afirma a identidade afro-brasileira. A pesquisa, de caráter qualitativo e bibliográfico, apoiou-se nos conceitos de interseccionalidade (Crenshaw, 2002), subalternidade (Spivak, 2010) e epistemicídio (Carneiro, 2005), estruturando a análise em quatro eixos: ancestralidade, brasilidade plural, memória e identidade. Os resultados evidenciam que Evaristo ressignifica Macabéa como personagem una e múltipla, guardiã de saberes coletivos e síntese de matrizes indígenas, negras e portuguesas, ao mesmo tempo em que confronta o cânone literário eurocêntrico. Portanto, é possível considerar que Macabéa: flor de mulungu reafirma a literatura afro-brasileira como espaço de resistência política, valorização da memória e construção de uma brasilidade plural e decolonial.