Os Multiletramentos na Mediação das Práticas de Leitura nas Experiências de Professores Alfabetizadores em Escolas Públicas de Juara-MT: Uma Pesquisa Narrativa
Práticas de leitura; Alfabetização; Multiletramentos.
Em um mundo marcado pela rápida transformação das práticas comunicativas, impulsionada pela cultura digital e pela diversidade de linguagens, a educação enfrenta o desafio de superar modelos tradicionais de letramento. Os multiletramentos emergem como uma abordagem que transcende a decodificação de textos escritos, abrangendo a capacidade de interagir criticamente em múltiplas modalidades comunicativas e de acolher diferentes culturas. Este estudo tem como objetivo investigar como professores alfabetizadores mediam a construção de competências de leitura, preparando os aprendizes para interagir com as linguagens de seu tempo. Para tanto, a metodologia adotada foi a de pesquisa narrativa, de abordagem qualitativa, que respeita as particularidades do contexto social investigado. A perspectiva de análise foi a categorial com foco no conteúdo, conforme a proposta de Lieblich et al. (1998), articulada à triangulação interpretativa de Bortoni-Ricardo (2008), Barcelos (2020), entre outros. As análises deram sentido as experiências narradas nos memoriais e nas entrevistas dos seis participantes, possibilitaram compreender suas vivências no processo de alfabetização e verificar se suas práticas pedagógicas contemplam a pedagogia dos multiletramentos. Esses dados permitiram identificar as práticas de leitura atuais, desafios cotidianos e compreender como os professores interpretam suas experiências e o mundo que os cerca. A pesquisa fundamentou-se nos princípios da Linguística Aplicada, área que investiga as práticas de linguagem em contextos reais de uso e busca compreender as relações entre discurso, identidade e sociedade. Nessa perspectiva, assume-se a linguagem como prática social e ideológica, articulando teoria e prática para problematizar as dinâmicas do ensinar e do aprender na contemporaneidade. O referencial teórico apoia-se em estudos que têm contribuído para o debate sobre a alfabetização e os multiletramentos, com destaque para o Manifesto dos Multiletramentos, do New London Group (1996), e as contribuições de Freire (1967, 1990, 1987, 1996), Soares (2002, 2017, 2023), Rojo e Moura (2012), Lankshear e Knobel (2013, 2016), Street (1984, 2014), Cope, Kalantzis e Pinheiro (2020), Ribeiro (2021), Ribeiro e Coscarelli (2023), entre outros. Após a coleta e análise dos dados, foi possível mapear convergências e tensionamentos entre teoria e prática. Embora alguns professores relatem obstáculos que dificultam o desenvolvimento pleno das práticas multiletradas em seus cotidianos, esses mesmos profissionais revelam o desejo de promover uma leitura emancipatória, articulando alfabetização e letramento como instrumentos críticos frente às demandas globais.