ESCREVIVÊNCIA E PROTAGONISMO: A REPRESENTAÇÃO DA MULHER NEGRA EM OLHOS D’ÁGUA, DE CONCEIÇÃO EVARISTO
literatura afro-brasileira; escrevivência; Conceição Evaristo; protagonismo feminino negro.
A literatura afro-brasileira emerge como uma vertente essencial para dar visibilidade às histórias e vivências da população negra, frequentemente, apagadas ou marginalizadas nos espaços de produção cultural. Conceição Evaristo utiliza sua escrita para explorar as complexidades das experiências de mulheres negras no Brasil, abordando temas como identidade, racismo, opressão de classe e resistência. O objetivo desse trabalho foi analisar as representações de mulheres negras na obra Olhos d’água (2014), de Conceição Evaristo, e como essas narrativas contribuem para a construção de uma literatura afro-brasileira que denuncia desigualdades estruturais e exalta o protagonismo feminino negro. A metodologia adotada consistiu em uma análise qualitativa e interpretativa dos contos “Olhos d’água”, “Duzu-Querença”, “Ana Davenga” e “Maria” presentes na obra, com base em referenciais teóricos que abordam a interseccionalidade entre raça, gênero e classe, além de conceitos ligados ao feminismo negro e à literatura afro-brasileira. Para fundamentar essa análise, adotou-se a teoria da interseccionalidade desenvolvida por Kimberlé Crenshaw (1989), que permite compreender as múltiplas formas de opressão que atravessam as identidades das mulheres negras, evidenciando as conexões entre racismo, sexismo e desigualdades sociais. Também se considerou o pensamento de bell hooks (2013), cuja obra sobre feminismo negro destaca a importância da resistência e da autoafirmação frente às estruturas opressoras. A escrita de Conceição Evaristo serve como um referencial central para a compreensão da literatura afro-brasileira como instrumento de denúncia social e resgate cultural, reforçando a importância da memória e da oralidade na construção de identidades. Dessa forma, Olhos d’água é uma obra fundamental para a valorização da cultura negra e para a reflexão sobre as desigualdades sociais no Brasil, reafirmando o papel da literatura como uma ferramenta de transformação e conscientização social.