A ESCRITA FEMININA E A VISÃO DAS FRATURAS DO TEMPO EM JARDIM DE OSSOS DE MARLI WALKER
Escrita feminina. Contemporâneo. Resistência. Marli Walker.
Esta dissertação propõe uma análise da obra Jardim de Ossos (2020), de Marli Walker, com o objetivo de investigar como a escrita poética da autora se insere no contexto da produção feminina contemporânea em Mato Grosso e como articula a experiência feminina à luz da noção de contemporaneidade de Giorgio Agamben. Parte-se da hipótese de que a poeta dialoga com algumas autoras do seu tempo e opera um gesto de enfrentamento às trevas do presente ao evocar imagens de dor, ancestralidade e resistência em uma linguagem fragmentária, marcada por ossos, trapos e palavras que denunciam, mas também reinventam. No capítulo introdutório, discute-se o lugar da mulher na literatura e o apagamento histórico das vozes femininas, ressaltando a importância da expressão escrita como forma de subjetivação e resistência, com base nos estudos de Constância Lima Duarte. No segundo capítulo, apresenta-se o percurso biográfico, literário e crítico de Marli Walker, situando sua produção no contexto da literatura mato-grossense contemporânea. A análise crítica, desenvolvida nos capítulos finais, entrecruza teoria crítica feminista, estudos sobre a linguagem e filosofia do tempo, evidencia-se como a poeta mobiliza símbolos como o osso, o fio e o verbo para expor as fissuras do presente e costurar, com palavras, uma nova armadura para a experiência de ser mulher. Ao final, constata-se que a obra de Walker realiza um gesto poético de denúncia e reconstrução, que inscreve a escrita feminina no centro do debate contemporâneo, fazendo da palavra uma forma de resistência e (re)existência.