O PORTADOR DA PALAVRA: MITO E ANCESTRALIDADE NA OBRA AS SERPENTES QUE ROUBARAM A NOITE E OUTROS MITOS DE DANIEL MUNDURUKU
Ancestralidade. As serpentes que roubaram a noite e outros mitos. Daniel Munduruku. Mito.
A identidade cultural indígena se constitui por vários fatores que se somam tanto pela etnia, quanto pela oralidade, língua e crenças religiosas que são fundamentadas como manifestações míticas da ancestralidade. Ao levar em consideração todos esses elementos, o objetivo desta dissertação é analisar três mitos tradicionais da etnia Munduruku presentes na obra As serpentes que roubaram a noite e outros mitos (2001), do autor Daniel Munduruku, com o propósito de investigar de que modo essas narrativas contribuem para a constituição da identidade dessa etnia e em que posição o portador da palavra, o ancião narrador, se encontra nesse processo. A pesquisa será de caráter qualitativo e, para aporte teórico, foram selecionados Chauí (2000) e Eliade (2000) sobre os mitos primordiais e abordagens teóricas de autores indígenas, como Daniel Munduruku (2017), (2020), (2012); Kaká Werá Jecupé (2020), Márcia Wayna Kambeba (2021), Graça Graúna (2020). É possível constatar que a figura do ancião, na aldeia, desempenha um papel fundamental, uma vez que por meio da oralidade, ele repassa aos seus ouvintes os saberes ancestrais, edificando sua cultura e perpetuando seus conhecimentos para as demais gerações. O autor, ao escrever e publicar essa obra, registrou nela a memória ancestral do seu povo, deixando evidente a importância da preservação de uma cultura que resiste desde os tempos da invasão.