A MALA DE FUGIR E OUTROS CONTOS, DE LUIZ CARLOS RIBEIRO, E SUAS TRAMAS NARRATIVAS: MEMÓRIA, HISTÓRIA E CULTURA POPULAR
A mala de fugir. Luís Carlos Ribeiro. Memória. História. Narrativas da Cultura Popular.
A partir da obra literária A mala de fugir e outros contos, tomada como objeto de investigação, esta pesquisa tratou da relação entre cultura popular, memória e história. O livro, do escritor mato-grossense Luís Carlos Ribeiro, foi escolhido por reunir narrativas que entrelaçam lembranças, fatos domésticos e causos do povo, permitindo conexões com os eixos centrais deste exame. Partiu-se do pressuposto de que mitos, lendas e causos expressam uma camada importante da memória coletiva, guardando traços ligados ao lugar do narrador, instalado em ambiente cultural com traços específicos da tradição popular. O objetivo geral da pesquisa foi ampliar estudos que vinculam a literatura à cultura popular; de forma mais específica, pretendeu-se: relacionar os conceitos de memória, história e narrativas orais; analisar as narrativas de A mala de fugir à luz da teoria literária; verificar fatos autobiográficos e históricos apontados nos contos de A mala de fugir; e destacar o maravilhoso como elemento importante da cultura popular. A pesquisa traçou o seguinte percurso: primeiro, estabeleceu-se algumas conexões entre literatura, história, memória e narrativas populares; em seguida, fez-se uma discussão sobre cultura, buscando elementos que caracterizam principalmente a popular; por fim, a pesquisa apresenta uma análise das narrativas de A mala de fugir, dando ênfase ao aspecto maravilhoso. A pesquisa qualitativa se ampara em revisão bibliográfica, análises literárias e verificação de conceitos. No aporte teórico da pesquisa, várias obras foram utilizadas, para atender aos segmentos propostos na pesquisa. Para tratar da relação entre literatura e história: A memória, a história, o esquecimento (2007), de Paul Ricouer, A ordem do discurso, de Michel Foucault (1996), O que é história cultural? (2005), de Peter Burke. Para tratar da relação literatura e memória: História e memória (1990), de Jacques Le Goff, Memória e sociedade (2005), de Ecléa Bosi, A Memória Coletiva (1990), de Maurice Halbwachs, Matéria e memória (1999), de Henri Bergson. Para tratar de literatura e narrativas da cultura popular: “O direito à literatura”, ensaio de Antonio Candido, publicado em Vários escritos (2004), Formas simples (1976), de André Jolles, As raízes históricas do conto maravilhoso (2002) e Morfologia do conto maravilhoso (2010), de Vladimir Propp. Para tratar do maravilhoso e do realismo maravilhoso: O realismo maravilhoso, (1980), de Irlemar Chiampi, Introdução à literatura fantástica (1992) e As estruturas narrativas (2006), de Tzevan Todorov.