CONTOS DA FLORESTA, DE YAGUARÊ YAMÃ, E A MEMÓRIA ANCESTRAL DOS POVOS ORIGINÁRIOS DO BRASIL, REGIÃO AMAZÔNICA
Contos da Floresta. Yaguarê Yamã. Memória. Narradores. Narrativas orais indígenas. Literatura Indígena.
Esta pesquisa trata de tradições assentadas em narrativas orais dos povos originários da Região Amazônica, compreendidas aqui como conjunto literário altamente relacionado aos valores comunitários e ao ambiente. A investigação toma a obra Contos da Floresta, de Yaguarê Yamã, para como objeto de pesquisa privilegiado, de onde parte o pressuposto de que o autor, ao recontar mitos e lendas do povo Maraguá fortalece o papel integrador exercido pelos narradores tradicionais, que preservam a cultura oral por meio de poesias e narrativas. O objetivo da investigação é ampliar a discussão crítica da literatura oral indígena, pelo viés do narrador memorialístico e dos saberes tradicionais, presentes na literatura de Yaguarê Yamã, destacando traços estéticos e identitários dos povos indígenas que habitam a Região Amazônica. Em seu percurso, a pesquisa destaca: elementos teóricos em torno do narrador e dos gêneros narrativos nas tradições orais indígenas; elementos críticos que aproximam as narrativas orais da literatura infantojuvenil e a produção literária (e outras) de Yaguarê Yamã; e elementos da vida social, que evidencia, a partir das narrativas, a relação dos povos originários com a natureza e com a comunidade; o traço sobrenatural característico desse povo e aspectos que demonstram a contemporaneidade das mais antigas tradições orais. A pesquisa qualitativa se ampara em revisão bibliográfica, análises literárias, comparação e verificação de conceitos relacionados a contos e outros aspectos da narrativa. O aporte bibliográfico inclui teoria e crítica literária: Literatura indígena brasileira contemporânea (2018; 2021), de Julie Dorrico e outros, A terra dos mil povos (2020), de Káká Werá Jecupé, A queda do céu (2015), de Davi Kpenawa Yanomami, O caráter educativo do movimento indígena brasileiro (2012), de Daniel Munduruku, além de outras obras e outros autores. Até aqui, a pesquisa aponta que a literatura indígena brasileira vem se fortalecendo com a presença cada vez maior de escritores indígenas que romperam a bolha cultural que os mantinham distantes: além criar espaços de aproximações culturais, as narrativas orais se preservam no ambiente literário; a pesquisa indica também que a literatura indígena aproxima o pesquisador das lutas que os povos originários travam desde a invasão europeia.