Vozes submissas: a representação do racismo estrutural na obra O avesso da pele, de Jeferson Tenório
O avesso da pele; racismo estrutural; literatura contemporânea; literatura negro-brasileira; vozes submissas na literatura.
Esta pesquisa busca ampliar a crítica literária sobre vozes submissas presente na literatura brasileira e a problematização do racismo estrutural no Brasil a partir da obra O avesso da pele (2020), de Jeferson Tenório. Apresenta uma análise do romance com olhar sob as características da escrita de autoria negra, e as representações marcantes do racismo estrutural, relacionando ficção e realidade nas diversas formas de discriminação racial presentes na sociedade brasileira. A violência policial contra o corpo negro que, frequentemente, é vítima de uma violência legitimada à luz das teorias da filósofa estadunidense Judith Butler (2020) e do filósofo camaronês Achille Mbembe (2018) e outros. Ressaltar a representação do negro na arte literária, frente a uma perspectiva histórico-social e o seu processo de resistência perante os conceitos preconcebidos. Refletir a partir dos teóricos sobre a ideologia de ser negro(a) no Brasil, ressignificando sua trajetória na história da formação da sociedade brasileira e abordar suas contribuições na (re)construção de culturas na contemporaneidade. Apresentar visões teóricas para as definições do termo racismo, ao ser considerado estrutural Almeida (2019) ou institucional como defende Muniz Sodré, (2023), e outros. Trazer ao debate, a presença de vozes na literatura (mais especificamente do negro) que por muito tempo foram silenciadas, e como sua escrita apresenta uma subjetividade misturada com escrevivências (termo defendido por Conceição Evaristo), e ao longo da pesquisa aprofundamos o conceito da autora e as características da escrita negro-brasileira. Para embasamento teórico das discussões, a princípio, fala-se sobre a literatura contemporânea e a escrita negro-brasileiras e suas características, buscando autores como Agamben (2009), Dalcanstagnè (2012), Ribeiro (2017), Evaristo (2018), entre outros. Na segunda parte do desenvolvimento do trabalho, para falar sobre o racismo, subalternidade do povo negro, o conceito de necropolítica e o poder do Estado sobre corpos negros, busca-se a fundamentação teórica em Fanon (2020), Moura (2019) Mbembe (2018), Davis (2016), Butler (2020) e outros. Por intermédio das abordagens literárias negro-brasileiras, visou-se desenvolver a possibilidade de diálogos, reflexões e análises sobre o racismo estrutural no Brasil, suas consequências, e de que forma são representados na literatura.
Palavras-chave: O avesso da pele; racismo estrutural; literatura contemporânea; literatura negro-brasileira; vozes submissas na literatura.