A MULHER NO UNIVERSO SERTANEJO DA POÉTICA DE IRENE SEVERINA REZENDE
Irene Severina Rezende; Poesia brasileira contemporânea; Mulheres no universo sertanejo
Nesta dissertação de mestrado intitulada, A mulher no universo sertanejo da poética de Irene Severina Rezende procura-se investigar, em alguns poemas, a representatividade feminina no contexto sociocultural brasileiro, de caráter patriarcal, em especial no contexto de sítios e fazendas do interior do Brasil. Nessas representações busca-se, pela voz da eu lírica, a narração de memórias que possam ser compreendidas à luz do movimento literário pós-colonial, o qual deu abertura aos povos subalternos e marginalizados de terem lugar de fala/representatividade no cânone literário. O objetivo desta pesquisa centra-se em analisar doze poemas da autora com foco nas vivências de mulheres inseridas no universo sertanejo que se movimentam em diferentes dimensões da vida cotidiana, trazendo representações simbólicas da condição humana e da vida social e cultural. Para desenvolver a temática recorre-se à produção literária da autora, nas seguintes obras: Páginas Rendadas Colhidas ao Amanhecer (2012), Prolongamento (2ª edição 2016), No chão do Araguaia, li meu mundo (2016), Sertão é poesia bruta (2021), Varandas de Quimeras (2023). A partir das inferências lidas nas vozes da eu lírica, percebe-se a correlação que há entre a condição humana do patriarcado, a subordinação feminina, a busca da mulher pela sua emancipação e a organização social do trabalho. Para a análise dos textos, foram considerados, dentre os principais teóricos, Zolin (2009) e suas contribuições para a compreensão da teoria e da crítica pós-colonialista; Andrea Nye (1995), com seus estudos sobre a Teoria Feminista; Candido (1996) e os pressupostos para análise do poema; Walker (2021) e seus estudos voltados à historicidade da escrita de mulheres, em especial da poesia feminina em Mato Grosso; Halbwachs (1968), que enfatiza a memória, uma vez que nenhuma lembrança pode coexistir isolada de um grupo social, e Le Goff (1924), o qual amplia a discussão sobre história e memória. O desdobramento deste estudo encaminha discussões simbólicas no que diz respeito à mulher, como a denúncia de sua inferiorização e silenciamentos, resquícios de uma sociedade patriarcal.