SERTÃO, MEMÓRIA E IDENTIDADE EM CERIMÔNIAS DO SERTÃO, DE RICARDO GUILHERME DICKE
Palavras-chave: sertão; memória; identidade; Ricardo Guilherme Dicke.
A representação do sertão mato-grossense nas narrativas de Ricardo Guilherme Dicke demonstra o interesse do autor em evidenciar o espaço de Mato Grosso, mostrar a figura do sertanejo, seu modo de ser e viver, bem como resgatar e preservar a cultura desse estado. Suas narrativas são densas e provocam no leitor sentimento de incompletude, pois é preciso fluir e refluir na leitura; seus personagens são construídos numa atmosfera carregada de elementos míticos, mesclando real e imaginário numa proporção que inebria o leitor. Sendo assim, observamos que o romance Cerimônias do Sertão (2011) foi desenvolvido em torno de personagens que revelam as discrepâncias sociais, a hipocrisia embutida na elite brasileira, como também mostra os sujeitos que são relegados e esquecidos social e historicamente, pois não se encaixam nos padrões determinados pela sociedade contemporânea. Nesse sentido, esta dissertação pretende analisar os personagens Frutuoso Celidônio e João Ferragem, demonstrando a relação de ambos com o sertão mato-grossense e o processo de (re) construção de sua identidade. Enfatizamos que o espaço nessa narrativa tem relevância, uma vez que é o lugar no qual a narrativa se desenrola e que determina o comportamento dos personagens. Quanto às questões identitária, determinaremos como memória, guiados por Ricoeur (2007), identidade, segundo Joël Candau (2023) e espaço, partindo da pesquisa de Lylia Galetti (2012) estão intrinsecamente ligados na narrativa por meio dos personagens estudados, influenciando e modificando sua identidade, como também seu modo de ser.