Linguagem, sociedade, etnia e cultura: um estudo sociolinguístico povo Cinta-Larga, comunidade Indígena Rio Seco, Juína / MT.
Palavras-chave: Sociolinguística. Povos indígenas. Cinta-Larga. Cultura e língua indígena. Bilinguismo.
À luz da perspectiva Sociolinguística, esta dissertação desenvolve um estudo sobre o povo Cinta-Larga, com foco nas duas línguas em contato: a Cinta-Larga oriunda do tronco Tupi pertencente à família linguística Mondé e a língua Portuguesa brasileira oficial faladas em situação de bilinguismo, na comunidade Rio Seco situada na terra indígena Serra Morena, município de Juína, MT. Para isso, utilizou-se como aporte a linha de pesquisa da Sociolinguística Variacionista, com base nas investigações de pesquisadores e sociolinguistas nacionais e internacionais. Considerando sua cultura, objetivou-se analisar o comportamento sociolinguístico do povo indígena Cinta-Larga, em relação ao conceito de línguas em contato. Para atingir tal propósito, o método utilizado respaldou-se no eixo sincrônico da língua amparado nos estudos de diversos doutrinadores, e a Metodologia incluiu as pesquisas bibliográfica, documental, de campo de cunho etnográfico e a pesquisa qualiquantitativa. Para a análise dos dados, mobilizaram-se abordagens metodológicas de variados pesquisadores desta área e as de um Guia. Selecionaram-se 12 informantes dos sexos masculino e feminino distribuídos em três faixas etárias, jovem, adulta e idosa, com os quais procedeu-se a entrevistas mediante questionário semiestruturado. O resultado da pesquisa apontou que a língua Tupi Mondé (Cinta-Larga) falada pelo povo Cinta-Larga, na comunidade Rio Seco, se encaixa na situação de língua viva e plenamente ativa. Ademais, constatou-se que se tratava de um contexto linguístico complexo e multifacetado, e que os idosos, embora falem um pouco a língua portuguesa, têm certa desconfiança em relação a ela. Além disso, eles veem a escola como lugar de ensino da língua portuguesa, enquanto a família e os mais velhos seriam instâncias nas quais se aprende a língua indígena. Verificou-se, ainda, que o uso da língua portuguesa na comunidade citada se deve à necessidade de comunicação em lugares específicos, como o mercado, os postos de saúde, contextos legislativos de reinvindicação de direitos e espaços de trabalho, onde há venda de artesanato, locais onde a língua portuguesa predomina nas situações de interação. Mas, a maioria dos informantes informou que utiliza ambas as línguas no seu cotidiano. O resultado das análises indiciou que há línguas em contato e bilinguismo na comunicação dentro e fora da aldeia pesquisada. Concluiu-se que é relevante o aprendizado da língua indígena na escola, para se evitarem os riscos de sua extinção, porque os autóctones mais jovens, diferentemente dos mais velhos, não estão comprometidos com a preservação da língua e da cultura dos povos originários.