A DICOTOMIA DO ARQUÉTIPO DE HERÓI: O PERSONAGEM LUNGA NA OBRA CINEMATOGRÁFICA BACURAU
Bacurau; inconsciente coletivo, arquétipo, herói, anti-herói.
A história da humanidade está diretamente relacionada com a tradição das narrativas e seus personagens, sejam elas orais ou escritas, esses textos constituem o inconsciente coletivo, impactam a cultura e a forma de compreender o mundo. Aos heróis, personagens centrais das tramas, há notório espaço e busca pela compreensão desse sujeito que está concatenado com dilemas e anseios da psiquê humana. Tomando por base a figura do herói, o objetivo dessa pesquisa é analisar o personagem Lunga, da obra cinematográfica Bacurau (2019) dirigida por Kleber Mendonça e Juliano Dornelles. O longa metragem apresenta como contexto central a luta da população de uma cidade do interior nordestino diante de problemas como injustiça social, abandono político, corrupção e violência. Para preservar a sobrevivência, os moradores recorrem a Lunga com um pedido de auxílio. O texto fílmico é rico em possibilidades de análise, todavia para esta pesquisa, a obra Bacurau (2019),será estudada a partir de um viés específico, o comportamento de Lunga junto aos movimentos de identificação como herói e anti-herói e suas variações.
O arcabouço teórico e alguns dos textos teóricos-críticos utilizados para essa pesquisa enquanto norteadores da análise são: Bosi (1992), Campbell (2002/2007), Jung (2000/2014), Vogler (2007), Faria (2012), D’Onofrio (2004), Alves e Precioso (2012), Oliveira (2007), Propp (2001), Lyotard (2009), Bonicci (1999). Os demais materiais foram encontrados nas bases de dados como Scielo – Scientific Electronic Library Online. Compreendeu-se, neste estudo, que Lunga, assim como outros personagens da história, percorre sua jornada de modo a experienciar as etapas próprias do arquétipo de herói. Lunga representa a força e a resistência diante de um mundo hostil e promotor de processos colonizadores que se julgam dominantes perante outras existências.