Narrativas sobre a militarização de escolas públicas em Mato Grosso: o que os professores de língua portuguesa têm a nos contar?
Pesquisa narrativa; Militarização das escolas; Ensino de Português
A militarização de escolas públicas em Mato Grosso faz parte de uma política pública para a educação brasileira e se configura como um processo histórico que voltou a ser implementado em grande escala a partir de 2019. Em face desse cenário, esta pesquisa tem como objetivo estudar a experiência de professores de português que vivenciaram o processo de militarização de escolas em Mato Grosso, com o propósito específico de investigar suas percepções acerca dessa política e os seus efeitos em suas práticas de ensino. O referencial teórico abarca considerações sobre a militarização de escolas (Brasil, 2019; Mato Grosso, 2019; Santos, 2020), o ensino de língua portuguesa (BNCC, 2018; DRC/MT, 2021; Magda Soares, 2002; Ribeiro; Coscarelli, 2023) e a experiência docente (Brandão, 2017; Clandinin; Connelly, 2015; Larrosa, 2002). Para atingir os objetivos da pesquisa, optou-se pelo uso de entrevistas narrativas como instrumento, coletadas de forma individual, seguindo um roteiro de entrevista narrativa pré-elaborado, com base no modelo de Schutze (1970). Os participantes da pesquisa foram seis professores de língua portuguesa, que atuaram em uma escola militarizada e estiveram em exercício de docência antes, durante e após a militarização da mesma. Este estudo se configura como pesquisa narrativa. Para o tratamento dos dados, utiliza-se a abordagem holística com foco no conteúdo holístico (Lieblich;Tuval-Mashiach; Zilber, 1998) e a perspectiva das unidades temáticas (Jovchelovitch; Bauer, 2002). Os resultados foram coconstruídos na dinâmica de interpretação e significação da realidade apresentada pelos professores colaboradores da pesquisa. A análise parcial das narrativas demonstra que os professores descrevem a militarização de escolas públicas em Mato Grosso como um processo autoritário, que gerou discordância, tensão e conflito no contexto de ensino. Em suma, para os professores, a militarização de escolas não garante um ensino-aprendizagem de língua portuguesa significativo, já que esse processo contribui para o aumento dos desafios enfrentados no exercício de sua docência.