ELEMENTOS IDENTITÁRIOS E DE REPRESENTATIVIDADE AFRO-BRASILEIRA NA NARRATIVA CABELO RUIM?, DE NEUSA BAPTISTA PINTO
PALAVRAS CHAVES: Literatura infantil e juvenil; Cabelo ruim?; Neusa Baptista Pinto; Identidade; Representatividade Afro-brasileira.
Este trabalho visa refletir sobre a representação da personagem preta a partir da obra Cabelo ruim?, de Neuza Baptista Pinto. Atualmente existem obras que retratam as vivências de pessoas pretas de forma afirmativa, mas nem sempre foi assim, as personagens pretas eram representadas por meio de estereótipos, o que resultou e resulta na não aceitação das características de pessoas negras. Na obra analisada é possível perceber, por meio das ações das personagens a busca pelo reconhecimento da beleza própria e a aceitação dos cabelos afro. A fim de compreender as situações vivenciadas pelas personagens Bia, Tatá e Ritinha, foram discutidos os conceitos de raça, racismo estrutural e o cabelo como símbolo identitário. Para embasamento das discussões, foram utilizados teóricos como Lojolo e Zilberman (2019, 2022), Perroti (1986) e Camargo (1998) que discorrem sobre a literatura infantil e juvenil e ilustrações. Para corroborar acerca das reflexões sobre literatura negra e identidade, destacando as contribuições dessas narrativas para a construção identitária das crianças negras, a pesquisa buscou ancorar-se nos estudos de Gomes (2002, 2008, 2011, 2017), Debus (2007, 2009, 2012, 2017), Duarte (2009), Cuti (2010) e Fanon (2008). No que diz respeito ao conceito de raça e racismo, centrou-se nos escritos de Almeida (2021). Embora seja necessário repensar alguns pontos em Cabelo ruim?, por meio dos recortes analisados da narrativa e das ilustrações, é evidente que a obra contribui para romper com os estereótipos atribuídos à criança preta, tornando-se um suporte para fortalecer as construções identitárias de pessoas negras de forma positiva e afirmativa.