A CONSTRUÇÃO DO MÚLTIPLO FEMININO EM NÃO PRESTA PRA NADA, DE MARTA HELENA COCCO
Literatura. Autoria feminina. Mulher. Feminismo. Identidade.
O presente estudo procurou, por meio da obra Não presta pra nada (2020), de Marta Cocco, buscou investigar, por meio dos estudos da narrativa do conto, o universo feminino representado por meio das personagens: mulheres que aparecem em pleno movimento de construção de protagonismo, no processo contínuo de conquista de liberdade e direitos. Para tanto, abordou-se os movimentos sufragistas e feministas, como alicerce da edificação da mulher como sujeito social. Amparados nos aportes teóricos de Castells (1999) sobrea construção da identidade e o contexto de poder; em Del Priore (2011) e Nísia Floresta (1989) sobre o papel da mulher na sociedade patriarcal e os aspectos de dependência e inferioridade; em Beauvoir (1980) e Michelle Perrot (2005) sobre as mulheres e os silêncios da história; Bonnici e Zolin (2019) sobre as mudanças no campo intelectual, marcadas pela quebra de paradigmas e pela descoberta de novos horizontes. Na égide da teoria da narrativa e do conto ancoradas em Jolles (1976) quanto a forma do conto; Cortázar (1993) e Piglia (1994) sobre a estrutura do conto; Gotlib (2006) e a definição de conto: possibilitaram o estudo teórico sobre a complexidade das personagens femininas nos textos, bem como da posição da narradora que, tendo como ponto de partida a voz feminina (e seus silêncios), ao assumir uma postura crítica quanto aos dissabores do patriarcado e realizar reflexões sobre a mulher e envolver toda sua experiência, não somente na luta contra o patriarcado, mas, sobretudo , num movimento consciente de conquista e afirmação num cenário que lhe foi negado a participação até bem pouco tempo.