O DISCURSO DIGITAL COMO MEDIADOR DA RELAÇÃO DA ADVOCACIA E REDES SOCIAIS: a publicidade frente aos discursos jurídicos e institucionais/classistas e a ética profissional
Análise de Discurso. Ordem dos Advogados do Brasil - OAB. Discurso Digital. Publicidade em redes sociais. Código de Ética e Disciplina da OAB.
Este trabalho visa refletir sobre os efeitos do discurso digital em relação à publicidade das redes sociais no discurso jurídico governamental da Lei Federal nº 9.806/94 e do Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil para os advogados do norte do Estado de Mato Grosso. Frente à proposta de pesquisa, este trabalho recorre às noções teóricas da Análise de Discurso materialista histórica, e propõe uma reflexão sobre a linguagem fundada nos trabalhos de Michel Pêcheux e Eni Orlandi, e na análise do discurso digital, em autores como Cristiane Dias, dentre outros, que pensam os efeitos de sentidos sempre “em relação a” um grupo que se toma para análise, e, no caso, para os profissionais da advocacia do município de Sinop, região norte mato-grossense. A pesquisa desenvolveu-se por meio de entrevistas semiestruturas, via web e presencial, com dezesseis posições sujeito, sendo doze advogados e quatro representantes do discurso da Ordem dos Advogados do Brasil. Os resultados analisados permitiram identificar a marca da temporalidade fortemente estabelecendo um desvão entre o tempo do discurso digital e o tempo do discurso das Instituições Jurídicas e dos sujeitos advogados; que se reflete na (dificuldade de) interpretação do funcionamento da noção de “publicidade” em relação ao uso das redes sociais pelo sujeito advogado, mobilizada pela noção de ética; a marca da segunda temporalidade entre os próprios advogados, mobilizadas pelas formulações “velha guarda” e “jovem advocacia” e seus efeitos com relação à compreensão do digital. Apresentam-se, nas práticas discursivas analisadas, divergências de entendimentos e incertezas sobre o “padrão” de comportamento exigido pela instituição em relação às regras éticas de publicidade classista, como processo de individuação do sujeito advogado, marcadas pela falta e incompletude constitutivas no discurso institucional vigente; questões estas reforçadas pelo acontecimento linguístico da Pandemia do COVID -19 no exercício profissional do advogado na prática do digital.