DE CISNE BRANCO A CARRAPATO: a (des)construção da identidade de Selma, a protagonista de Cisne branco, de Evel Rocha
Identidade. Selma. Cisne branco. Espaço. Evel Rocha
Em Cisne branco, de Evel Rocha, e sobretudo a partir da protagonista Selma, constata-se que a identidade da personagem se configura de maneira moldável, diferenciando-se daquela considerada sólida e inflexível presente na moderna literatura cabo-verdiana. Nesta obra, Selma narra suas vivências em meio a uma subalternização. A protagonista busca identificar-se com a imagem de um cisne branco que retrata, para ela, tudo que sempre quis ser, uma mulher independente, porém cai em contradição ao tornar-se refém da dominação masculina a ponto de submeter-se à prostituição como meio mais fácil para realizar seus desejos. Por ter uma identidade moldável e fragmentada, o individualismo e a quebra das atividades rotineiras são constantes em sua vida, proporcionando muitos deslocamentos e uma auto-degradação concomitante ao espaço em seu entorno. Neste sentido, este trabalho discute elementos correlacionados à protagonista como a prostituição, a violência de gênero e sua trajetória em que se constata uma identidade em crise. Selma busca sua emancipação com avanços e recaídas, mas não consegue se desprender da dominação masculina que impede sua emancipação como mulher. Para tanto, o trabalho contou com o suporte teórico de Giddens (1991), Ulrick Beck (2012), Zygmunt Bauman (2001), Homi Bhabha (2013), Pierre Bourdieu (2012), Simone Caputo Gomes (2008), Benilde Caniato (2005), Lúcia Zolin (2003), Heloísa Buarque de Hollanda (1994), Gayati Spivak (2018), Michel Foucault (2009) e Simone de Beauvoir (2000), entre outros.