"O corpo tocado pelo mal": Interdito e Transgressão em Salvar o fogo, de Itamar Vieira Junior
Salvar o fogo; Interdito; Transgressão; Narradores; Literatura brasileira Contemporânea.
A presente dissertação realiza uma análise da obra Salvar o Fogo (2023), de Itamar Vieira Junior, a partir de uma leitura batailliana, com o objetivo de enfocar a narrativa sob o tripé mal, violência e sagrado. Na narrativa em questão, a experiência e a presentificação do Mal relacionam-se ao processo de configuração dos personagens, sobretudo no que diz respeito à construção estética e social dos protagonistas. Desse modo, discute-se a origem dos interditos e das transgressões, conceitos centrais em Georges Bataille que fundamentam nossas análises, com ênfase nas questões do casamento e na relação do abade com as crianças, aspectos determinantes na constituição das personagens Luzia e Moisés. A interdição e a transgressão operam no romance de forma a moldar a experiência dos personagens, evocando uma narrativa que, por meio do risco, examina a condição humana sob as perspectivas da opressão e da religião. Como balizas teóricas, são utilizados os conceitos e teorias de Nogueira (2000) e Segato (2000), para discutir a questão racial; de Paz (1969) e Giddens (1993), sobre o casamento; de Leite (2000) e Bakhtin (1990), a respeito do foco narrativo; além das obras de Bataille (2018, 2021, 2022) e de outras pesquisas e artigos correlatos.