Banca de QUALIFICAÇÃO: AMAURI DA SILVA SALVADOR

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : AMAURI DA SILVA SALVADOR
DATA : 03/11/2025
HORA: 19:00
LOCAL: Sala do Google meet
TÍTULO:

ENTRE A CRUZ E O XIRÊ, MEMÓRIAS E ORALITURAS: TRADIÇÕES DE TERREIRO PRESENTES EM “O SUMIÇO DA SANTA”, DE JORGE AMADO


PALAVRAS-CHAVES:

Oralitura; memória; Candomblé; decolonialidade; Jorge Amado


PÁGINAS: 86
RESUMO:

Esta dissertação investiga como as oralituras operam como mecanismo de memória
na transmissão de saberes ancestrais das tradições de terreiro em O sumiço da
Santa – uma história de feitiçaria (1988), de Jorge Amado. O estudo parte de uma
contextualização das religiões de matriz africana no Brasil, destacando o papel da
oralidade diante de políticas repressivas, do racismo e do racismo religioso, para
então examinar a potência da literatura em dar voz a pessoas historicamente
silenciadas. Metodologicamente, adotou-se a análise literária qualitativa, com ênfase
em elementos estruturais centrais do romance (tais como narrador, dinâmica
temporal, espacialidades urbana e sagrada, ritos, léxico ritual e corporalidade),
articulando os aportes de Halbwachs (2023) e Candau (2012) sobre memória; de
Martins (2024) e Vansina (1982) sobre oralidade, oralitura e tempo espiralar,
somados aos compêndios de fundamentos do Candomblé apresentados por Kileuy
et al. (2009) e Verger (1981; 1983); de Eco (1994) e Iser (1996) acerca do leitor-
modelo e da concretização e atualização estética do texto na leitura; de Bachelard
(2000) e Blanchot (2011) na reflexão sobre a poética do espaço; e de Nogueira
(2020) e Bernardino-Costa et al. (2018) quanto à decolonialidade, à diáspora e ao
sincretismo. Ademais, nesse percurso analítico, vem à baila a relação tia–sobrinha
entre Adalgisa e Manela que é tomada como fio condutor para observar a dualidade
de vínculos quebradiços que ressoam os conflitos mais profundos de uma
subjetividade escavada por séculos de colonialidade, permitindo flagrar, no plano da
interioridade, as reconfigurações de identidade. Os resultados indicam que orikis,
danças, comidas, vestimentas e marcas corporais funcionam, no romance, como
tecnologias de memória que reativam o axé e reinscrevem saberes de terreiro no
tecido urbano ficcional; o texto não didatiza, mas convoca a escuta e a participação.
Em termos de recepção, embora forneça figuração e identificação mais rápidas ao
leitor familiarizado com as tradições candomblecistas, a obra não exclui quem não
dispõe desse repertório cultural, uma vez que o próprio texto encaminha por enredo,
vozes, descrições rituais, ritmo e imagética sensorial, a integrações sucessivas até
que a rede de sentido se estabeleça. Conclui-se que, na obra analisada, Amado
amplia a visibilidade de práticas e cosmologias do Candomblé, evidenciando a
função mediadora da literatura na continuidade e atualização de saberes ancestrais
sob regimes de ocultamento e violência. A pesquisa contribui para os estudos de
literatura e religiões afro-brasileiras ao demonstrar a performatividade da palavra e
do corpo como política de memória no campo estético.


MEMBROS DA BANCA:
Interno - 131915001 - ALEXANDRE MARIOTTO BOTTON
Interno - 82304001 - JESUINO ARVELINO PINTO
Externo à Instituição - 543.265.321-49 - MAURICIO MACEDO VIEIRA - UEMS
Notícia cadastrada em: 14/10/2025 10:25
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