A ESTÉTICA DA FRAGMENTAÇÃO: O OLHAR CINEMATOGRÁFICO NOS ROMANCES DE ANA PAULA
MAIA
Olhar, Fragmentação, Romance Contemporâneo, Ana Paula Maia.
Este estudo aprofunda a importância do olhar na obra da escritora brasileira Ana Paula Maia,
com foco nos romances Enterre Seus Mortos (2018), De Cada Quinhentos Uma Alma (2021)
e Búfalos Selvagens (2024). Nosso objetivo é compreender como o ato de ver e ser visto
molda as experiências das personagens, influencia a construção dos enredos e define os
ambientes narrativos. A fragmentação do olhar cinematográfico é o tema central, justificando-
se pela riqueza detalhada das narrativas de Maia, que incitam o leitor a refletir sobre a
percepção do mundo. O olhar, em sua obra, transcende a visibilidade, abordando também a
invisibilidade, à medida que personagens lutam para serem reconhecidos e romperem
estigmas. A literatura, neste contexto, é um campo fértil onde escrita e imagem se entrelaçam.
A tese se estrutura em capítulos que exploram o romance contemporâneo, influenciado pela
dinamicidade e realismo do tempo atual, marcado pela violência e problemas sociais, e a
forma como a linguagem e técnicas cinematográficas tornam essas narrativas mais acessíveis.
O segundo capítulo analisa a imagem na construção de um cenário apocalíptico e a relação
entre literatura e animalidade, investigando como Maia representa o animal e a coexistência
de olhares humanos e não humanos. Nosso referencial teórico abrange as postulações de
Giorgio Agamben (2002;2009) sobre o contemporâneo e a vida nua, Karl Erik Schollhammer
(2007) sobre a ficção brasileira e a fragmentação, e Leila Perrone-Moysés (2016) sobre o
novo realismo. Regina Dalcastagnè (2012) é citada na discussão sobre a representação de
classes populares. O conceito de olhar é embasado em Adauto Novaes, Alfredo Bosi e
Merleau-Ponty, enquanto a relação entre imagem, palavra e cinema é discutida por Karl Erik
Schollhammer (2009), Tânia Pellegrini (2003) e Marcel Martin (2005). A animalidade é
explorada através de Jacques Derrida (2002), Maria Esther Maciel (2016) e John Berger
(2021). Por fim, o conceito de narrador pós-moderno é abordado com Silviano Santiago
(2002) e Walter Benjamin (1984). A tese utiliza este amplo arcabouço teórico para analisar a
complexidade da obra de Ana Paula Maia, desvendando a estética da fragmentação e o olhar
cinematográfico como chaves para a compreensão de suas relações humanas, animalidade e
crítica social.