Além do sertão: a estratégia editorial e a rede de colaboração em A Violeta (1916-1950)
Imprensa feminina; Rede de sociabilidade; Literatura mato-grossense.
A Revista Literária A Violeta, fundada em 1916 em Cuiabá/MT, representou um marco na imprensa produzida por mulheres em Mato Grosso, mantendo-se ativa até 1950. Publicada bimensalmente, foi dirigida e editada por alunas egressas do Colégio Liceu Cuiabano e surgiu como publicação do Grêmio Literário "Júlia Lopes de Almeida". O periódico adotou uma estratégia que visava estabelecer uma rede de sociabilidade entre mulheres letradas e revistas femininas em circulação no país, com o objetivo de ampliar seu alcance, promover discussões emancipatórias entre as leitoras e tornar viável a periodicidade das publicações através da projeção de outras revistas. Com o trânsito proporcionado pelos rios Paraguai e Paraná e os voos comerciais a partir de 1930, Mato Grosso rompeu as fronteiras logísticas, e as colaboradoras da Violeta traziam por meio de recortes selecionados de outros periódicos textos de conferências feministas, crônicas e poemas de escritoras do âmbito nacional e regional, além de notícias das conquistas de mulheres no Brasil e no mundo. Diante dessa perspectiva, a tese tem por objetivo apresentar a rede de sociabilidade enquanto estratégia editorial e analisar as crônicas de Maria Dimpina Lobo Duarte, gênero presente nos 34 anos da revista e que atua como interlocutor direto com as leitoras e com o governo Vargas no período de 1930 a 1945. Para compreender o contexto histórico, social e literário de Mato Grosso no século XX no apoiamos nas leituras de Castrillon-Mendes (2020), Magalhães (2001), Mendonça (2015), Nadaf (1993) e Siqueira (2009). Nas relações estabelecidas na imprensa produzida por mulheres, serão abordados os estudos de Duarte (2018), Buitoni (2009), Martins et Luca (2012) e Muzart (2003) e acerca da rede de sociabilidade ampararemos nas discussões de Sirinelli (2003) e Pizarro (2004). Nessa lógica, a tese visa a apresentação de Violeta como uma revista de significativa contribuição para a história da imprensa e da literatura produzida por mulheres no Brasil, mas além disso, é também figurativa de uma teia de colaboração de mulheres na imprensa que refletirá em sua perpetuação e em uma estratégia editorial.