POÉTICA DOS OSSOS: EXPERIÊNCIAS E HERANÇA ANCESTRAL EM JARDIM DE OSSOS DE MARLI WALKER
Herança Ancestral. Literatura Mato-grossense. Memória. Identidade Cultural. Poética Contemporânea.
Esta dissertação tem como objetivo realizar uma análise de alguns poemas da obra Jardim de Ossos (2020), escrita pela autora Marli Walker. As composições escolhidas destacam-se pela utilização da metáfora dos ossos como símbolo das experiências adquiridas ao longo do tempo, termo utilizado no título deste trabalho para abarcar as vivências pessoais e coletivas, as marcas do passado e os legados culturais que moldam a identidade dos sujeitos. A obra aborda de maneira profunda questões como memória, entendida, com base em Giorgio Agamben (2009), como uma relação crítica com o tempo, permitindo ao sujeito revisitar o passado para compreender o presente; identidade, vista como uma construção subjetiva e socialmente mediada, em consonância com Antonio Candido (1995), que enfatiza a capacidade da literatura de transpor o real para o imaginário; herança cultural, que remete à transmissão de tradições e saberes ao longo do tempo, conforme explorado por Manuel de Barros (2005), ao destacar o poder transformador da poesia em dar sentido ao ordinário; e a complexa ligação entre passado e presente, que na obra de Walker se expressa pela ressurreição contínua do passado no presente, em um processo que Jean-Luc Nancy (2005) considera parte essencial da criação poética, sempre em construção e aberta a múltiplas interpretações.