AGRICULTURA FAMILIAR: UMA ANÁLISE DOS CONHECIMENTOS E PRÁTICAS FRENTE AO “USO SEGURO” DE AGROTÓXICOS NA CIDADE DE TANGARÁ DA SERRA - MT
Pequeno produtor, defensivos agrícolas, impacto ambiental, intoxicação laboral.
Desde 2009, o Brasil está entre os maiores mercados consumidores de agrotóxicos do mundo. Estudos recentes indicam que o índice anual de exposição já ultrapassou a marca de 7,3L/habitante, no Mato Grosso o montante supera os 45L/habitante e, em alguns municípios, os índices podem chegar a assustadores 600 L/habitante. As problemáticas se estendem à incorreta utilização dos agrotóxicos, principalmente na agricultura familiar, geralmente desprovida de assistência técnica. O presente trabalho tem como objetivo geral, levantar os conhecimentos e práticas, quanto ao uso de agrotóxicos, por pequenos produtores de Tangará da Serra, e os possíveis riscos de contaminação dos trabalhadores rurais, consumidores e ambiente. Participaram do estudo 30 produtores de uma comunidade situada no município de Tangará da Serra/MT, entre março e setembro de 2023, em entrevista com questões, abertas e fechadas. Foram avaliadas a condução do manejo dos agrotóxicos e os possíveis riscos decorrentes deste manejo. Os dados foram analisados utilizando Modelos Lineares Generalizados (GLM) e frequências relativas, realizadas utilizando o software Excel e R versão 4.2.1 (R Core Team, 2022), com 5% de significância, e os gráficos construídos com o pacote ggplot2 (Wickham, 2016). Dos entrevistados, 89,47% utilizam agrotóxico, sendo eles a cipermetrina (7,14%), imidacloprido, paration metílico, abamectina, deltrametrina (14,28%) cada e o mais utilizado, glifosato (42,85%). Foram observados erros significativos no manejo e aplicação dos produtos além da baixa adesão aos EPIs, assim como sintomas agudos e crônicos nesta comunidade. A análise dos dados do presente estudo mostra que grande parte dos entrevistados fazem uso de agrotóxicos, sem nem mesmo conhecer seu princípio ativo e suas implicações a saúde do trabalhador, segurança alimentar e ambiente. Talvez pela baixa escolaridade, nenhum apoio de assistência técnica gratuita e fiscalização. O trabalho foi dividido em dois capítulos: Agrotóxicos e os impactos à saúde laboral de pequenos produtores e Impactos ambientais e a segurança alimentar pelo uso indiscriminado de agrotóxicos por pequenos produtores.