PRÁTICAS AGRÍCOLAS E USO DE PLANTAS PRESENTES NA ÁREA URBANA DE CÁCERES, MATO GROSSO: UMA ABORDAGEM ETNOBOTÂNICA
Agricultura, Quintais, Roças urbanas, Memória
A ciência em que se inscreve o presente trabalho é a Etnobotânica. Essa área de conhecimento se ocupa em compreender como grupos humanos se relacionam e explicam as plantas, seus atributos, matérias e imateriais, presentes em seus modos de vida. O objetivo é registrar o conhecimento sobre as plantas mantidas em espaços cultivados (quintais e roças) nos bairros São Jorge e Lobo, cidade de Cáceres, Mato Grosso, Brasil. Para a seleção dos interlocutores utilizou-se a técnica de amostragem “bola de neve”, possibilitando o acesso aos sujeitos da pesquisa e às suas experiências. A coleta de dados ocorreu por meio de formulário semiestruturado, com perguntas abertas e fechadas, complementadas por observações in loco, anotações em caderno de campo, registros fotográficos e as entrevistas foram gravadas em áudio e transcritas posteriormente. A pesquisa foi realizada com 17 participantes de diferentes origens, sendo: 13 pessoas do estado de Mato Grosso, destacando os principais aspectos do etnoconhecimento: saberes herdados dos mais velhos, uso e cultivo de plantas medicinais, plantio voltado à alimentação, práticas de cuidado em quintais e roças urbanas, cultivo como forma terapêutica e memória familiar. Em relação ao gênero, a presença de 13 mulheres se destacou entre os entrevistados, enquanto quatro foram homens. Foram registradas 103 espécies pertencentes a 41 famílias botânicas, todas confirmadas por voucher coletados em 17 quintais e três roças urbanas. Os entrevistados nos dois bairros não apenas compartilham seus conhecimentos, mas também ressaltam a importância de conservá-los e valorizá-los como legado cultural e resistência da memória viva no contexto urbano. Isso fortalece a herança e a sustentabilidade, destacando os principais aspectos do etnoconhecimento: a transmissão do conhecimento transgeracional pela oralidade, conectado ao uso e ao cultivo de plantas ornamentais, medicinais, ao plantio para alimentação humana; uso medicinal para animais domésticos e aquelas que geram conforto térmico. Esses conhecimentos demonstram a importância dos quintais urbanos como locais de preservação cultural, social e ambiental.