PRÁTICAS AGRÍCOLAS E USO DE PLANTAS PRESENTES NA ÁREA URBANA DE CÁCERES, MATO GROSSO: UMA ABORDAGEM ETNOBOTÂNICA
Agricultura, Quintais, Roças urbanas, Memória
Estudo de cunho etnobotânico tem como objetivo registrar o conhecimento tradicional sobre as plantas cultivadas nos quintais urbanos da cidade de Cáceres–MT, Brasil. Para seleção dos interlocutores utilizou a técnica de amostragem “bola de neve”, possibilitando o acesso aos sujeitos da pesquisa e suas experiências, especificamente nos bairros São Jorge e Lobo. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas, abertas e fechadas, complementadas por observações de campo, anotações em caderno, registros fotográficos e gravação de áudios, estes posteriormente transcritos. A pesquisa foi realizada com 17 participantes de diferentes origens, sendo: 76,47% do estado de Mato Grosso, enquanto os demais são migrantes de três estados: 11,76% paulista, 5,88% paranaense e 5,88% alagoano que destacam os principais aspectos do etnoconhecimento: saberes herdados dos mais velhos, uso e cultivo de plantas medicinais, plantio voltado à alimentação, práticas de cuidado em quintais e roças, cultivo como forma terapêutica e memória familiar. Em relação ao gênero, a presença de mulheres se destacou entre os entrevistados desta pesquisa, com 76,5%, enquanto os homens foram 24,5%. A idade dos interlocutores variou entre 34 a 84 anos, sendo que 29% destes possuem entre 30 e 60 anos, enquanto 71% são maiores de 60 anos. A maioria dos entrevistados vive no local há mais de 30 anos. A longa permanência revela uma relação de pertencimento e intimidade com o lugar onde vivem. No que diz respeito à religião, (94,1%) dos participantes se declaram católicos, enquanto apenas (5,9%) se identificam como evangélicos da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Foram coletadas 233 amostras botânicas, material testemunha de 103 espécies pertencentes a 41 famílias botânicas, em 17 quintais e três roças urbanas. Os entrevistados nos dois, bairros compreendem não só o registro dos saberes dos entrevistados, mas também destacam a importância de valorizar e conservar esses saberes populares como patrimônio imaterial e resistência cultural no contexto urbano, fortalecendo a herança e a sustentabilidade que destacam os principais aspectos do etnoconhecimento: saberes herdados dos mais velhos, associado ao uso e cultivo de plantas medicinais, plantio voltado à alimentação, práticas de cuidado, cultivo como forma terapêutica e memória familiar. Esses saberes revelam a riqueza dos quintais urbanos como espaços de preservação cultural, social e ambiental.