AVALIAÇÃO LIMNOLÓGICA E FITOSSOCIOLÓGICA DAS MACRÓFITAS AQUÁTICAS EM RESPOSTA AO REGIME HIDROLÓGICO DO RIO PARAGUAI, MATO GROSSO, BRASIL
Período hidrológico, Plantas aquáticas; Nutrientes, Pantanal.
As alterações que ocorrem nos regimes hidrológicos do rio Paraguai, como cheia e estiagem, podem alterar as variáveis físico-químicas afetando a diversidade e abundância nas comunidades de macrófitas aquáticas no Pantanal Matogrossense. As macrófitas aquáticas, são plantas submersas ou parcialmente submersas, sendo as principais produtoras de matéria orgânica e desempenham um papel vital na ciclagem de nutrientes, habitat e alimento para o ecossistema aquático. O objetivo é investigar a dinâmica das variáveis físico-químicas e fitossociológicas das macrófitas aquáticas em função da variação dos regimes hidrológicos nos setores funcionais do rio Paraguai no município de Cáceres-MT. As amostragens ocorreram nos períodos hidrológicos enchente, cheia, vazante e estiagem em 2023 e cheia em 2024 entre o Corredor Ecológico do rio Paraguai e a Estação Ecológica de Taiamã, compreendendo os setores funcional do rio, como Meandro, Retilíneo, Transição e Fluviolacustre. Foi aplicado método RAPELD em transectos subdivididos em módulos, e o método de Braun-Blanquet com quadrados de 0,50 x 0,50 cm para analisar a porcentagem de cobertura das espécies. Também foi avaliada a influência das variáveis limnológicas, espaciais e regimes hidrológicos sobre a composição, e produção de biomassa seca no acúmulo dos nutrientes fósforo e nitrogênio total nas estruturas morfológicas da espécie Pontederia azurea nos setores de Transição (TC) e Fluviolacustre (T2, T3 e T5). Foram identificadas 30 famílias, 47 gêneros distribuídos em 68 espécies, sendo a maioria classificada como "Dados Insuficientes" ou "Menos Preocupante" na lista vermelha da IUCN. O setor Fluviolacustre apresentou a maior riqueza de espécies, enquanto o setor de Transição destacou-se pela maior diversidade, ambos sendo influenciados por períodos de cheia e estiagem. Essas condições favoreceram a predominância das formas de vida emergente e anfíbia. A produção de biomassa seca de P. azurea foi influenciada pelo período de enchente, com a maior alocação na parte aérea. O acúmulo de nutrientes variou conforme os períodos hidrológicos e, durante a cheia de 2023, observou-se um agrupamento de acúmulo de nitrogênio total na parte aérea e raiz, enquanto o fósforo total apresentou maior concentração na parte aérea durante a estiagem. As variáveis limnológicas, como profundidade, saturação de oxigênio dissolvido, condutividade elétrica, transparência e as concentrações de nutrientes fosfatados e nitrogenados associadas às variações no nível da água, atuam como filtros ambientais que moldaram a distribuição dessas espécies, refletindo adaptações morfofisiológicas aos regimes hidrológicos. Concluiu-se que a riqueza e diversidade de espécies são elevadas, destacando o papel de P. azurea na ciclagem e acúmulo de nutrientes. Ressalta-se a importância do monitoramento contínuo para aprofundar a compreensão sobre a composição florística e a sazonalidade de algumas espécies de macrófitas aquáticas, com ênfase na conservação no bioma Pantanal.