ECOLOGIA COMPORTAMENTAL DE Ateles marginatus (É. Geoffroy, 1809) E INFLUÊNCIAS DO ECOTURISMO SOBRE A ESPÉCIE NA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL (RPPN) DO CRISTALINO, NA AMAZÔNIA MERIDIONAL
Amazônia, Primatas, Ecologia comportamental, Uso do espaço.
A Amazônia abriga uma diversidade biológica extremamente rica, composta por diferentes tipos de vegetação, como florestas de terra firme, várzea e igapó, formando um mosaico de habitats que refletem sua heterogeneidade e áreas de endemismo. Ocupando cerca de 40% do território brasileiro, a floresta possui um ciclo climático marcado por períodos de estiagem e chuvas, que influencia diretamente sua estrutura e a dinâmica das espécies que nela habitam. Aproximadamente 73% dos mamíferos do Brasil ocorrem na região, destacando-se os primatas por seu papel ecológico essencial na manutenção da biodiversidade, especialmente na dispersão de sementes e na estruturação da vegetação. O comportamento dos primatas é diretamente influenciado por fatores ecológicos, como disponibilidade de recursos, características do habitat e padrões climáticos, além de sofrer impactos provenientes de atividades antrópicas. A presença humana, seja por desmatamento, caça ou até atividades como o ecoturismo, pode gerar alterações no comportamento e no uso do espaço desses animais. Quando bem planejado, o ecoturismo pode ser uma ferramenta de conservação, mas também apresenta riscos, caso não sejam considerados seus impactos sobre a fauna local. Entre os primatas neotropicais, os macacos-aranha do gênero Ateles se destacam pela alta dependência de grandes áreas florestais, devido à sua grande massa corporal (~9kg) sua dieta predominantemente frugívora e ao seu sistema social formando grupos e subgrupos por fissão-fusão. Ateles marginatus, conhecido como macaco-aranha-da-cara-branca, é uma espécie endêmica do interflúvio Tapajós- Xingu, altamente sensível à fragmentação florestal e às atividades humanas. A espécie é considerada ameaçada de extinção, e os conhecimentos sobre sua ecologia comportamental ainda são limitados, especialmente em ambientes de floresta contínua. Diante desse cenário, esta dissertação está estruturada em dois capítulos. O primeiro aborda a ecologia comportamental e a dieta de Ateles marginatus em uma área de floresta contínua na RPPN do Cristalino, na Amazônia Meridional. O segundo capítulo investiga o uso do espaço e os possíveis efeitos do ecoturismo, especialmente a presença de trilhas, sobre os padrões de movimentação da espécie, buscando compreender como as atividades turísticas podem influenciar o comportamento e as rotas diárias desses primatas.