O ACELERADO DECLÍNIO DA BIODIVERSIDADE NO ARCO DO DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA OCIDENTAL: PADRÕES, PROCESSOS E UMA AGENDA PARA A CONSERVAÇÃO
Fragmentação; Desmatamento; Conservação da biodiversidade; Ecologia da paisagem; Vertebrados
A Amazônia é a floresta tropical mais rica em biodiversidade do mundo e desempenha um papel crucial na manutenção dos ecossistemas globais. No entanto, apesar de sua importância biológica e ecológica, a Amazônia enfrenta ameaças sem precedentes, incluindo a fragmentação e a perda e degradação de hábitat, especialmente no arco do desmatamento. Com o avanço das fronteiras de destruição, mais de 18% da cobertura florestal original da Amazônia brasileira foi convertida em hábitats antropizados. O Estado de Rondônia no Brasil é um exemplo marcante desta rápida e drástica redução de hábitats nativos. Dessa forma, nesta tese, utilizando diferentes abordagens metodológicas, avaliamos as causas e os efeitos das modificações humanas na paisagem de uma zona de endemismo importante da Amazônia e para o Estado de Rondônia. A presente tese está estruturada em três capítulos, no primeiro, “A dinâmica espaço-temporal da cobertura vegetal e sua configuração revelam uma ameaça iminente em um estado amazônico”, examinamos a mudança espaço-temporal da cobertura vegetal de Rondônia entre 1986 e 2020, utilizando imagens de satélite e métricas de ecologia da paisagem. Ao longo de 35 anos, houve uma redução drástica de 28,2% da cobertura vegetal de Rondônia, gerando mais de 100 mil fragmentos de vegetação natural com tamanho médio de 150 hectares e com alto grau de isolamento. No capítulo 2, intitulado como “Declínio multifacetado da diversidade de vertebrados em uma zona de endemismo da Amazônia brasileira”, investigamos como a fragmentação, a perda de habitat e a degradação ambiental podem modular as comunidades de aves e mamíferos em uma zona de endemismo pouco estudada na Amazônia. Vimos que os efeitos do hábitat e da paisagem agem de forma combinada sobre os 42 táxons de aves e mamíferos. Na escala da paisagem, a completude taxonômica e funcional foi afetada pela distância do maior remanescente existente na região e pela proporção de área de agronegócio. Enquanto que, na escala do hábitat, a completude foi modulada pelo tamanho dos fragmentos e altura da vegetação. No terceiro e último capítulo, intitulado como “Perda e fragmentação de habitat modulam interações interespecíficas e atividade diária de mamíferos em uma fronteira de desmatamento na Amazônia brasileira”, avaliamos como a fragmentação e a perda de hábitat afetam dois aspectos-chave do comportamento de mamíferos amazônicos. Nossos resultados apontam que associações interespecíficas entre primatas e o padrão de atividade diária mudaram com a intensidade da perda e fragmentação do habitat. Além disso, nós discutimos sobre as vantagens e desvantagens associdas a cada um desses comportamentos em resposta as mudanças no hábitat, que estão diretamente relacionados com a capacidade de sobrevivência das espécies.