DIÁLOGOS DE SABERES INTERCULTURAIS: Política de Ação Afirmativa Étnico-racial, Território e Bem Viver no contexto dos acadêmicos(as) da Faculdade Indígena Intercultural - UNEMAT
Interculturalidade, Políticas Públicas, Estudantes Indígenas, Relações Étnico-Raciais, Bem Viver.
A sabedoria ancestral e os modos de vida dos povos originários e comunidades tradicionais, advindas de suas tradições, culturas, valorização e manejo dos seus territórios, das vivências em comunidade e em harmonia com o ambiente, nos proporciona um frutífero diálogo de saberes interculturais na perspectiva do Bem Viver. Neste contexto, a Educação pode contribuir para diminuir as desigualdades existentes na sociedade e o Estado por meio de políticas públicas e ações afirmativas pode trabalhar no intuito de garantir uma educação de qualidade, democrática e equitativa. Desse modo, esta pesquisa tem o objetivo geral de compreender e analisar o papel da Política de Ação Afirmativa Étnico-Racial na vida dos estudantes da Faculdade Indígena Intercultural da UNEMAT e seus impactos e contribuições para os território a partir da visão do Bem Viver. Para a realização da pesquisa todos os procedimentos éticos no campo da pesquisa foram seguidos nas distintas instâncias institucionais e obteve-se a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa CEP/UNEMAT e CONEP (CAAE nº 44993821.0.0000.5166) e o consentimento dos(as) envolvidos(as) na pesquisa. No que tange ao processo metodológico utilizou-se a pesquisa qualitativa, aplicada, exploratória-descritiva; de cunho bibliográfico e documental, pautada na interdisciplinaridade. Parte de revisão teórica com viés crítico e outra de um estudo de caso da Faculdade Indígena Intercultural/UNEMAT por meio da realização de entrevistas semiestruturadas com estudantes universitários dos povos indígenas Bakairi, Bororo, Chiquitano, Kawaiwete Kayabi, Manoki, Myky, Paresí e Tapirapé; com gestores e/ou servidores da FAINDI/UNEMAT. A organização da tese conta com o Manuscrito I que analisou o Bem Viver na lógica dos atores sociais - povos e comunidades tradicionais frente a proposta de desenvolvimento hegemônico vigente; o Manuscrito II teve como objetivo discutir o campo semântico do Bem Viver à luz das Constituições do Equador, Bolívia e a do Brasil relacionada aos direitos dos povos indígenas; o Manuscrito III que levantou, analisou e sintetizou as produções científicas sobre Educação, Políticas Públicas e Ações Afirmativas demonstrando a importância da Educação na interface com Políticas Públicas voltadas a Ações Afirmativas na redução das desigualdades sociais, por meio de um estudo bibliométrico com pesquisa bibliográfica e documental; o Manuscrito IV que procurou analisar o campo semântico do Bem Viver associado a experiências práticas de políticas públicas de ações afirmativas educacionais interculturais indígenas em países da América Latina (Brasil, Bolívia e Equador), em contraposição à crise civilizatória; o Manuscrito V emergiu dos diálogos de Saberes Interculturais com estudantes indígenas, gestores, servidores docentes e técnicos da FAINDI/UNEMAT e o Manuscrito VI investigou e analisou a Política de Ação Afirmativa Étnico-Racial da Faculdade Indígena Intercultural/UNEMAT nos territórios das comunidades dos estudantes indígenas a partir da perspectiva do Bem Viver. Os resultados apontam para um diálogo intercultural de saberes trazendo conceitos, reflexões e críticas, acerca das políticas públicas, ações afirmativas, educação superior indígena, povos e comunidades tradicionais, desenvolvimento territorial, desenvolvimento hegemônico vigente, crise civilizatória e bem viver, que convergem na busca pela compreensão, legitimação e valorização das alteridades e da busca por equidade social.