VARIAÇÃO SINTÁTICA EM LIBRAS: ORDEM BÁSICA DE OV E VO DA COMUNIDADE SURDA EM SERRA TALHADA-PE
Libras; Variação Sintática; Sociolinguística; Ordem de Constituintes; Serra Talhada.
A presente tese analisa na variação sintática da Língua Brasileira de Sinais (Libras) na comunidade surda de Serra Talhada, Pernambuco. A língua de sinais é a língua usada pela maioria dos surdos na vida diária. O objetivo é analisar a ordem básica dos constituintes, especificamente a variação entre a ordem Objeto-Verbo (OV) e Verbo-Objeto (VO). O estudo fundamenta-se na Linguística Funcional, na Sociolinguística Variacionista (Labov, 2008) e Greenberg (1966) para investigar como fatores sociais influenciam a estrutura frasal. Para o desenvolvimento desse estudo, seguiu-se os pressupostos teórico-metodológicos da Teoria da Variação e Mudança Linguística de Labov (2008), assim como para discutir as relações da variação na ordem de palavras, como de diferentes ajustes do parâmetro do núcleo, pois pretende-se analisar a ordem de palavras subjacentes na Libras como uma parte de sua estrutura de sentença. Trata-se de uma abordagem quantitativa. Foram analisados dados de 32 informantes surdos, estratificados por sexo, faixas etárias e escolaridade, utilizando vídeos da campanha "Fica em Casa" durante a pandemia de Covid-19 e entrevistas. Os dados foram submetidos ao teste estatístico de Mann-Whitney. A análise revelou uma predominância da variante A (ordem OV) com 71% das ocorrências, contra 29% da variante B (ordem VO). A análise das variáveis sociais demonstrou que o sexo e a escolaridade não foram determinantes para a variação. No entanto, a faixa etária revelou-se estatisticamente relevante, com adultos e idosos a apresentarem maior frequência da ordem OV comparativamente aos jovens. Conclui-se que a Libras possui um sistema linguístico autónomo, afastando-se da noção de "português sinalizado". A ordem OV, frequentemente associada à forma imperativa e a marcadores não manuais, demonstra a complexidade sintática da língua.