ENUNCIADOS EM VEÍCULOS: UM ESPAÇO PARA A ARTICULAÇÃO ENTRE DISCURSO RELIGIOSO E CAPITALISMO
Discurso religioso, Sujeito-de-Direito, Capitalismo, Forma-Sujeito Histórica.
Esta pesquisa ancora-se na teoria de Análise de Discurso, seu precursor foi o filósofo e linguista M. Pêcheux na França, e no Brasil, é difundida por Eni Orlandi. Para desenvolvermos essa reflexão teórica, mobilizamos os dispositivos teóricos e metodológicos da Análise de Discurso Francesa, visto que esta teoria possibilita estabelecer uma relação com a materialidade simbólica, com a história e a ideologia. Nessa direção, tomamos a escrita dos para-choques de caminhões e carros como materialidade histórica, discutindo a partir das bases teóricas e epistemológicas da Análise de Discurso, o real da língua, o real do sujeito e o real da história na constituição do processo de subjetivação do sujeito através do discurso religioso. Metodologicamente, a pesquisa adota uma perspectiva qualitativa e tem seu corpus analítico composto por fotografias feitas dentro da cidade de Araputanga-MT, distante da capital Cuiabá 336 km, e em rodovias do interior de MT. Nossas fotografias documentam imagens de veículos que atravessam os espaços urbanos e interurbanos. Interessa-nos esses espaços onde distintas formações discursivas encontram lugar para significar e significar-se. A cidade como diz Orlandi (2004), é um lugar de multiplicidades, multiplicidades de sujeitos e sentidos que se produzem em um espaço visível, perceptível. O nosso corpus, faz parte do espaço urbano, nele os veículos significam e se significam. Os enunciados textualizados nos veículos, filiados a distintas formações discursivas, religiosa, capitalista, política e etc., e materializando distintas formações ideológicas, nos permitem compreender as articulações da língua com a ideologia inscrevendo-se em processos históricos. Na filiação com AD francesa de M. Pêcheux e E. Orlandi, durante o trajeto de análise, questionamo-nos sobre a compreensão do percurso histórico do sujeito em Claudine Haroche (1983/1992), e outros autores que compõe nosso dispositivo teórico-analítico, esse estudo possibilita uma compreensão mais aprofundada sobre a forma-sujeito histórica medieval e a emergência do capitalismo, que abre caminho para a ressignificação da forma-histórica sujeito-de-direito e seus efeitos de sentidos produzidos na articulação do discurso religioso com o capitalismo.