PRODUÇÃO DE POST CARROSSEL E DE ROTEIRO PARA SEMINÁRIO: FORMAÇÃO, GESTO DE AUTORIA E RESISTÊNCIA
Palavras-chave: Autoria. Formação. Análise do discurso. Digital. Resistência.
Este trabalho tem como objetivo apresentar uma abordagem desenvolvida sob forma de intervenção pedagógica, com alunos dos 9º anos do Ensino Fundamental de uma Escola Pública, da rede estadual, em Primavera do Leste – MT, a Escola Estadual Paulo Freire, para criação de condições de produção de textos para serem publicados nas redes sociais e servirem de roteiro para seminários, como parte dos trabalhos realizados no Programa de Mestrado Profissional em Letras – PROFLETRAS, ofertado na Universidade do Estado de Mato Grosso - Unemat, Câmpus Universitário de Cáceres-MT. Ancorado na perspectiva teórico-metodológica da Análise de Discurso pecheuxtiana, com uma proximidade maior aos trabalhos das pesquisadoras Eni Orlandi e Cristiane Dias, tivemos por objetivo promover a formação dos alunos para uso da internet e das Tecnologias da Informação e Comunicação – TICs, a fim de que se constituam na posição sujeito-autor e não meros copistas e replicadores de conteúdo e de que superem a alienação e tenham um “cinto de segurança” ao navegarem na rede. Na fase inicial, privilegiamos a formação dos alunos, a partir da constituição de um arquivo de leitura – textos em formato fílmico e escritos – que discutia os perigos presentes nas redes sociais e na internet e como essas determinam a relação do indivíduo com a ideologia, determinando-o em seu processo de identificação e assujeitamento. Todo o trabalho foi desenvolvido seguindo a metodologia ativa “aprendizagem por pares”. Na segunda fase, acompanhamos os alunos na produção dos produtos educacionais, que foram dois: post carrossel para o Instagram para serem postados nos stories da rede social da escola - @conecte.sepaulofreire -, e roteiro para seminários, os quais foram direcionados e apresentados para alunos, professores e pais. A temática de ambos os produtos foi as formas de determinação da internet, pois, como não há ritual sem falha, a própria rede pode – e foi – ser usada como forma de resistência. A TIC (Tecnologia de Informação e Comunicação) utilizada para a confecção dos posts e dos roteiros foi o Canva, em sua versão para a educação, que oferece, de forma gratuita, todas as ferramentas de edição da forma paga. Os procedimentos metodológicos adotados possibilitaram a transposição dos alunos da posição de enunciadores para autores, havendo, portanto, assunção deles à posição de autoria, mesmo produzindo no meio digital e afetados pela memória metálica. Ao filiar este trabalho à perspectiva discursiva, entendemos ter sido possível colocar em evidência que o digital não pode ser tratado apenas como uma ferramenta, como meio, mas como uma materialidade discursiva que tem modificado a maneira como nos relacionamos com a linguagem e como, por consequência, somo interpelados pela ideologia. Ao criar condições para que irrompessem gestos de autoria em sala de aula, acreditamos que desestabilizamos o discurso (pedagógico) autoritário e possibilitamos o discurso (pedagógico) polêmico, em que professor e alunos assumiram posição de autoria e tiveram “autoridade de dizer”.