ACESSIBILIDADE: RESSIGNIFICANDO SENTIDOS NO ESPAÇO ESCOLAR
Verbete acessibilidade; dicionário; objeto discursivo; leitura; escrita
Na docência, buscamos frequentemente metodologias, teorias e instrumentos que ampliem o nível de (multi)letramentos dos estudantes. Com objetivos diferentes, professor e aluno estão sempre em busca de sentidos a fim de aprimorarem o processo de ensino-aprendizagem. Baseando-nos em nossas aulas sobre os processos de dicionarização no Brasil e nos textos sobre lexicografia, procuramos desenvolver algumas análises, neste trabalho, de alguns aspectos semântico-discursivos do verbete e do dicionário, tomando como ponto de partida a afirmação de Eni P. Orlandi (2002) de que “o dicionário (...) se apresenta como vestígio da nossa memória histórico-social.” Nosso objetivo básico foi analisar, em diferentes dicionários e contextos históricos, o verbete “acessibilidade” e sua relação de sentido com o espaço físico escolar e social em que esses alunos estão inseridos, visto que tem uma relação interessante para compreender que “o saber linguístico é um produto histórico, localizado em um tempo e em um espaço” (NUNES, 2002) e que, mais ainda, “o uso do dicionário se faz sobre o efeito de um pré-construído, como um ‘lembrete’ de uma realidade já estabelecida e certa” (ORLANDI, 2002). Este estudo tem como objetivo analisar aspectos semântico-discursivos do verbete “acessibilidade”, a partir das definições oferecidas por edições de alguns dicionários da Língua Portuguesa. Trata-se de uma reflexão sobre os sentidos que circulam no imaginário social sobre acessibilidade, tentando identificar se este é, pelo menos parcialmente, contemplado na unidade de ensino EMCEDMB - Escola Municipal Centro Educacional Dom Máximo Biennés. Foram desenvolvidas atividades de intervenção sistematizadas com a turma da Articulação, período matutino e vespertino desta unidade escolar. Como resultado, ao final da nossa ação do projeto de intervenção, observamos que é possível ressignificar o uso dos dicionários em sala de aula, tomando-os como objetos discursos e não somente como material de suporte didático. Para que essa ressignificação aconteça é necessário que os profissionais envolvidos com o fazer pedagógico, ao estudarem o dicionário com os alunos, busquem produzir novos gestos de interpretação, novas compreensões e leitura sobre o seu funcionamento, direcionando os alunos, enquanto sujeitos, para uma leitura mais questionadora desse instrumento linguístico.