DESLOCAMENTOS PENDULARES DOS ESTUDANTES DO CAMPUS JANE VANINI DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO: RELAÇÕES DE ACESSO A EDUCAÇÃO SUPERIOR
Pendularidade estudantil. Educação superior. Políticas públicas. Democratização do Acesso. UNEMAT.
Esta pesquisa está inserida na temática das políticas de acesso à educação superior, com foco principal no ingresso ao ensino superior dos estudantes que realizam deslocamentos pendulares. O estudo está vinculado à linha de pesquisa: Formação de Professores, Políticas e Práticas Pedagógicas do Programa de Pós-Graduação em Educação – PPGEDU, do Grupo de pesquisa Políticas de Acesso e Permanência na Educação Superior (GPAPES) - Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT. A pesquisa tem como objetivo compreender as expectativas e os desafios enfrentados pelos estudantes da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Campus Jane Vanini, que realizam deslocamentos pendulares diários para frequentar o ensino superior, bem como analisar as políticas públicas e institucionais que influenciam o ingresso e a permanência desses sujeitos na universidade. O estudo parte do entendimento de que a pendularidade estudantil constitui uma realidade recorrente em regiões interioranas, expressando desigualdades territoriais, socioeconômicas e institucionais que afetam a democratização do acesso à educação superior pública. A pesquisa fundamenta-se em uma abordagem mista, de natureza quanti-qualitativa, e adota o estudo de caso como estratégia metodológica, considerando como lócus a UNEMAT/Campus Jane Vanini, localizada em Cáceres-MT. Foram investigados estudantes residentes em municípios adjacentes, cuja formação acadêmica depende do deslocamento diário entre suas cidades de origem e o campus universitário. O estudo envolveu três etapas principais: levantamento teórico e documental sobre políticas públicas de acesso; balanço de produções científicas na base da CAPES, no período de 2020 a 2024; e coleta de dados empíricos por meio de questionário online aplicado aos discentes ingressantes nos anos de 2022/1 e 2022/2, após o retorno das atividades presenciais no pós-pandemia da COVID-19. Os resultados teóricos evidenciam que, embora o Brasil tenha avançado em políticas de expansão e inclusão no ensino superior — a exemplo do ProUni, FIES, REUNI e da Lei de Cotas —, persistem lacunas significativas nas políticas de permanência. No contexto da UNEMAT, o processo de interiorização ampliou o acesso à educação pública gratuita, mas não garantiu condições equitativas aos estudantes que enfrentam longas distâncias, altos custos de transporte e alimentação, e restrições à participação em atividades acadêmicas. Tais desafios comprometem o desempenho, a integração e o sentimento de pertencimento desses estudantes. Conclui-se que a pendularidade estudantil é um fenômeno que transcende a mobilidade geográfica, representando uma expressão concreta das desigualdades sociais e territoriais. A efetivação do direito à educação superior exige políticas públicas que considerem essas especificidades e promovam não apenas o ingresso, mas também a permanência qualificada e o êxito acadêmico. Ao dar visibilidade à realidade dos estudantes pendulares, este estudo contribui para o debate sobre equidade e democratização do ensino superior no Brasil, oferecendo subsídios para o aprimoramento das políticas institucionais da UNEMAT e de outras universidades públicas interioranas.