HABITAR E SER HABITADO NA COMUNIDADE SÃO JOAQUIM:
vivências e convivências que revelam saberes matemáticos dos estudantes da Escola Estadual Antonio Hortollani
Escola do campo; espaços de vivência e convivências; saberes e fazeres matemáticos.
Este estudo teve como objetivo geral investigar o ato de habitar e ser habitado dos alunos de uma escola do campo na comunidade São Joaquim em Tangará da Serra/MT nos seus respectivos espaços de vivência e convivências, como possibilidade de uma interação que favorece o processo de geração, sistematização e difusão de saberes e fazeres matemáticos que poderá proporcionar a aprendizagem da matemática escolar dos estudantes de forma significativa. Metodologicamente, utilizamos uma abordagem qualitativa de natureza descritiva e interpretativa. Com utilização de instrumentos que permitiram gerar dados como: aplicação de oficinas, plano de ação, roteiro de perguntas, questionário, e analise documental. Participaram desta pesquisa 22 estudantes do Ensino Fundamental I e II da Escola Estadual Antonio Hortollani. Para analisar os dados, recorremos à análise descritiva qualitativa proposta por Soares (2022), permitindo resgatar e sintetizar os saberes e fazeres matemáticos intrínsecos ao contexto sociocultural dos alunos. Os principais pilares teóricos que fundamentaram essa pesquisa versam sobre as contribuições de D’Ambrosio, Bandeira, Silva, Rosa e Orey, especificamente nos pontos que convergem sobre a matemática escolar e a educação etnomatemática e a escola. Os resultados das análises revelaram o surgimento de duas percepções por parte da pesquisadora, a primeira corresponde ao lugar do distrito São Joaquim com suas especificidades e a segunda nos remete ao seu espaço que se configura em diferentes significados construídos na dinâmica das vivências e convivências entre os estudantes. Duas percepções que dialogam, e foi relacionando-as que descobrimos diferentes saberes e fazeres matemáticos que são gerados, sistematizados e difundidos em meio as interações em grupo e principalmente em meio ao convívio familiar dos participantes. Os conhecimentos foram evidenciados nas diferentes formas de brincar e interagir, nos aprendizados ao lado dos avós, nos relatos enriquecidos de saberes acerca dos processos de artesanatos, nas receitas com todos os procedimentos para a transformação dos alimentos, e nas técnicas e recursos para criar e construir brinquedo e artesanato. Estamos falando do conhecimento construído com o outro, portanto possuem sentido e significado para aquele que vivência e compartilha, por isso precisam ser resgatados e valorizados no espaço escolar de forma a contribuir para potencializar o aprendizado, por meio das conexões entre a cultura do estudante e o conhecimento escolar.