Além da sombra: percepções de agricultores familiares sobre sistemas silvipastoris no norte de Mato Grosso
Biodiversidade, adoção de inovações, extensão rural.
A biodiversidade da Amazônia desempenha um papel essencial no equilíbrio climático global. No entanto, práticas agrícolas insustentáveis e atividades ilegais têm causado a degradação desses recursos, comprometendo a capacidade da região de manter ecossistemas fundamentais. A adoção de práticas ecológicas, como os sistemas silvipastoris (SSPs), que integram árvores, pastagens e animais, tem mostrado resultados positivos, tanto para a recuperação de áreas degradadas quanto para a adaptação às mudanças climáticas. No entanto, a transição da pecuária convencional, baseada na monocultura de pastagens, para os sistemas silvipastoris ainda enfrenta desafios socioculturais relevantes. Este estudo analisou as transcrições de 17 entrevistas semi-estruturadas realizadas com agricultores(as) que adotaram sistemas silvipastoris em 2019, buscando entender as mudanças na relação entre homem e natureza bem como os fatores socioculturais que influenciaram e foram influenciados por essa prática. Os resultados destacam que a introdução de SSPs trouxe uma nova valorização da biodiversidade e das árvores no ecossistema. A assessoria técnica teve um papel crucial na adoção dos SSPs, promovendo confiança mútua entre técnicos e agricultores e criando um ambiente de aprendizado constante. A organização coletiva e a participação ativa dos(as) agricultores(as) em atividades comunitárias mostraram-se fundamentais para a superação dos obstáculos operacionais relativos a implantação das áreas bem coo o aprendizado das novas práticas de produção. A falta de mão de obra para manejo constante da área foi o aspecto mais decisivo identificado como dificultador para o bom desenvolvimento das áreas.