Avaliação foliar de espécies indicadas para a recomposição florestal na Amazônia matogrossense
Conservação, atributos funcionais, estratégias ecológicas
O presente estudo investiga as estratégias ecológicas de 19 espécies arbóreas utilizadas em projetos de recomposição florestal na Amazônia matogrossense, uma região impactada pelo desmatamento e pelas mudanças climáticas. O objetivo central do estudo foi avaliar os atributos foliares (anatômicos, químicos e morfométricos) para compreender como essas espécies respondem às variações ambientais e qual seu potencial de aclimatação. A pesquisa partiu das seguintes questões: 1) Quais estratégias foliares (aquisitiva ou conservativa) se destacam nessas comunidades? 2) A estratégia de uma planta é melhor predita pela integração de seus atributos foliares? 3) A variação interespecífica nesses atributos confere plasticidade suficiente para a aclimatação? A seleção das 19 espécies nativas foi baseada em modelos de adequabilidade climática futura, complementada por uma triagem funcional de atributos foliares relacionados as estratégias foliares. Foram analisados atributos morfométricos como altura, diâmetro altura no peito, massa foliar específica, área foliar, massa seca, espessura da folha, além de características anatômicas da folha tais como espessura da cutícula e epiderme, espessura dos parênquimas paliçádico e lacunoso, e densidade, área e abertura estomática e na composição química os teores de potássio na folha. Os resultados indicaram uma predominância de espécies com estratégias conservativas, caracterizadas por folhas mais espessas e maior investimento em estruturas de defesa, uma adaptação a ambientes com restrição de recursos ou estresse ambiental, como a seca. A análise integrada dos atributos foliares mostrou-se um preditor eficaz para determinar a estratégia ecológica de cada espécie. A variação interespecífica observada nos atributos foi considerada significativa, sugerindo que as espécies possuem diferentes graus de plasticidade fenotípica, o que influencia diretamente sua capacidade de aclimatação às mudanças climáticas. A conclusão principal é que a seleção de espécies para projetos de restauração deve considerar suas estratégias ecológicas. Espécies com perfis mais conservativos podem ser mais resilientes a eventos climáticos extremos, como secas prolongadas, sendo cruciais para a sustentabilidade a longo prazo dos ecossistemas restaurados. O estudo reforça a importância da análise de atributos funcionais como ferramenta para planejar ações de recomposição florestal mais eficazes e adaptadas aos cenários climáticos futuros na Amazônia.