MOBILIDADE URBANA E AUTISMO: PERSPECTIVAS DE ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES DAS PESSOAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NO PLANEJAMENTO DO TRÂNSITO, NA CIDADE DE CÁCERES-MT
Autismo. Cáceres-MT. Mobilidade Urbana. Inclusão Social.
Os estudos urbanos críticos podem ser enriquecidos pelo diálogo com o autismo, oferecendo novas perspectivas para a construção de cidades mais inclusivas e acolhedoras. A problemática desta pesquisa se desenvolveu a partir da seguinte questão central: de que maneira a ausência de adaptações adequadas no sistema de trânsito pode contribuir para o isolamento social de indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), restringindo suas oportunidades de participação plena na vida social? O objetivo geral constituiu em avaliar o impacto do planejamento do sistema viário no trânsito e no atendimento das necessidades das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em Cáceres, Mato Grosso. Especificamente, buscou-se avaliar práticas e desafios em análises de pesquisas acadêmicas, relatórios e pesquisa documental sobre o planejamento do sistema de trânsito e TEA; analisar as dificuldades que as pessoas dentro do espectro enfrentam em relação à falta de planejamento do sistema de trânsito inclusivo na cidade de Cáceres, Mato Grosso; investigar as necessidades das pessoas atípicas em relação ao planejamento do sistema de trânsito na cidade de Cáceres. A pesquisa foi realizada no município de Cáceres, Mato Grosso, localizado a aproximadamente 220 km de Cuiabá, capital do Estado. O estudo contou com a participação de 26 pais, responsáveis e/ou cuidadores de crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), residentes no município, que responderam a questionários aplicados. Além disso, foram realizadas observações de campo e análises documentais, a fim de compreender de forma mais ampla a relação entre mobilidade urbana, planejamento e inclusão. A metodologia adotada permitiu captar percepções e experiências cotidianas relacionadas à mobilidade urbana, considerando os desafios enfrentados por essas famílias. Os resultados evidenciaram que o direito à mobilidade é um elemento estruturante para o exercício de outros direitos urbanos, como saúde, educação e lazer. Entretanto, a ausência de condições adequadas de acessibilidade física e cognitiva restringe a circulação com segurança e dignidade, implicando a marginalização de pessoas com TEA e de suas famílias no espaço social. Constatou-se que as barreiras urbanas enfrentadas não se reduzem a questões técnicas de infraestrutura, mas expressam também um problema ético e político, vinculado à maneira como a diversidade é reconhecida e valorizada no planejamento urbano. Conclui-se que a valorização do autismo e a adoção da acessibilidade universal como princípio orientador podem abrir caminhos para cidades mais justas, empoderadoras e comprometidas com a inclusão de todos os seus habitantes. A pesquisa reforça que pensar a cidade a partir das diferenças implica superar concepções limitadas de normalidade e promover práticas urbanas que assegurem a equidade. Assim, a intersecção entre estudos urbanos críticos e autismo revela-se fundamental para transformar o espaço urbano em território de direitos, onde a inclusão seja uma realidade tangível e a diversidade seja celebrada como parte constitutiva da vida sócia.